quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Prenda musical aos visitantes
Orquestra do Norte
Direcção Maestro José Ferreira Lobo
Sofia Lourenço, piano
Ravel- G Major Piano Concerto- 1. Mouvement
Ravel- G Major Piano Concerto- 2. Mouvement
Ravel G Major Piano Concerto- 3. Mouvement
Direcção Maestro José Ferreira Lobo
Sofia Lourenço, piano
Ravel- G Major Piano Concerto- 1. Mouvement
Ravel- G Major Piano Concerto- 2. Mouvement
Ravel G Major Piano Concerto- 3. Mouvement
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Solstíco de Inverno
A palavra solstício vem do latim sol (Sol), e sistere (que não se move).
O solstício de inverno ocorre quando o sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do equador. Embora sua data não seja a mesma em todos os anos, pode-se dizer que ocorre normalmente por volta do dia 22 de dezembro no hemisfério norte/21 de junho no hemisfério sul.
Esse momento não é fixo no calendário gregoriano em função do ano tropical da terra não ser um múltiplo exacto de dias.
Esta data tinha grande importância para diversas culturas antigas que geralmente realizavam celebrações e festivais ligados às suas religiões.
No calendário chinês, o solstício de Inverno chama-se dong zhi (chegada do Inverno) e é considerado uma data de importância extrema, visto ser aí festejada a passagem de ano.
Os povos da Europa pré-cristã, chamados pelos católicos de pagãos, tinham grande ligação com esta data.
Segundo alguns, monumentos como Stonehenge eram construídos de forma a estarem orientados para o por do sol do solstício de inverno e nascer do do sol no solstício de verão.
Entre os romanos os festivais eram muito populares. O período marcava a Saturnália, em homenagem ao deus Saturno. O deus persa Mitra, também cultuado por muitos romanos, teria nascido durante o solstício. Divindades ligadas ao Sol em geral eram celebradas no solstício também.
Com a introdução do cristianismo no Império Romano houve, por parte da Igreja Católica, uma tentativa de cristianizar os festivais "pagãos". Há indícios de que a data de 25 de dezembro foi escolhida para representar o nascimento de Cristo já no século IV. Há evidência bíblica de que Jesus não teria nascido durante o inverno, pois, no momento do nascimento, pastores estavam cuidando de seus rebanhos nas vigílias da noite, e o período do solstício, visto como o renascimento do Sol, carrega forte representatividade. Além disso, conseguiu aproveitar a popularidade das festividades da época.
Hoje esta data é revivida na celebração do Sabbat Neopagão Yule. Que revive algumas antigas tradições religiosas dos povos europeus pré-cristãos.
(Fonte: Wikipédia)
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Secretas transparências?
O que será a evidência da verdade? Estaremos de volta aos "universais" do tempo grego ou renascimental? Às univocidades? Se "evidências" são muito difíceis de concatenar, a famigerada verdade, que já o tal governador da Judeia perguntava ao doce rabi o que era, é de uma infantilidade atroz e de um pensamento básico ter a pretensão de a atingir. Mesmo no plano jurídico se sabe que a "verdade processual" é algo diferente do tal absoluto verdadeiro...
Outra coisa que é irritante no planeta wikileakense e em certos discursos políticos demagógicos, é a noção de transparência. Essas "transparências" são frequentemente um logro. Por alguma razão o pensamento humano é inviolável e secreto; o que estamos a pensar no momento, ou em todos os momentos, é inacessível a toda a gente.
Há, portanto, uma séria ambiguidade entre o que deverá ser da ordem do confidencial ou do domínio público. Ainda não se sabe onde todos estes movimentos em rede vão aportar; porque, se por um lado é muito louvável contribuir para o conhecimento de genocídios e outras atrocidades, por outro, não é de todo equitativo demonizar o poder norte-americano sem possibilidades de entrar nos nefastos horrores de outras super-potências e multiculturalismos medievais que pululam no mundo. Para já não falar naqueles pormenores de imprensa cor-de-rosa sobre as festas selvagens de Berlusconis e enfermeiras loiraças de outros "imperadores" terceiro-mundistas.
Vamos esperar para ver, mas, entretanto, não nos imponham pseudo-moralismos e crenças "ingénuas".
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Regresso
Num café da Via Monginevro
O rapaz do café olha-me com alguma desconfiança,
mas mesmo assim fala-me, é afável. Talvez seja
do país esta necessidade de estar próximo, de irradiar
um sólido encurtar das distâncias neste tempo de implosões
organizadas. O rapaz do café traz os pedidos como
equilibrista de lugarejo: a bandeja, de uma bacidez
acinzentada, bascoleja copos, latas... e a mim também,
que de equilíbrio me sofro tão incapaz de um eu a recusar-me
unidade e acerto. Certo dia alegrou-se mais: que era
lá debaixo, da Ligúria. Nascera em Sestri Levanti. Se eu conhecia,
e olhou-me a ameaçar escárnio: que sim (acalmei-o),
mas só de passagem, aliás, é de passagem que tudo conheço.
Conclusão que ele entendeu, pois logo me olhou livros e papéis.
O rapaz do café tem algo de metafísico (acabei por decidir),
pois quando fala depressa não o entendo, e quando se explica
pausadamente não o entendo também. Certo dia apanhou-me
alguns versos que me haviam caído da mesa e então perguntou-me
se eu fazia poesia. Que não!, respondi-lhe peremptório,
é ela que me faz a mim; é ela que me não larga, sempre
a recusar-me razão, conformidade. O rapaz do café deixou,
por fim, seu antigo olhar. Agora tem um outro, bem mais
enigmático - coisa de fascínio com hostilidade à mistura.
in Regresso, de Victor de Oliveira Mateus, Ed. Labirinto, 2010
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O homem inacabado
Anedota japonesa
Peixes mecânicos nadam,
raros, no aquário em Osaka.
Seu terno de vidro quebrou
no armário de espanto.
Um corvo com bico de aço
volta a furar seu cérebro.
As vísceras de Mishima
pulam debaixo da cama.
Nenhum cão na imensa Tóquio
ganirá por sua solidão.
Desajeito
O home inacabado
não tem posição
que lhe traga conforto
na cama.
Luta a noite toda
com o colchão
sem que seu corpo
torto possa encontrar
abrigo.
O pensamento
do homem inacabado
gira em falso
como as rodas de um carro
encravado na lama.
in O homem inacabado, de Donizete Galvão, Portal Editora, São Paulo, 2010
Peixes mecânicos nadam,
raros, no aquário em Osaka.
Seu terno de vidro quebrou
no armário de espanto.
Um corvo com bico de aço
volta a furar seu cérebro.
As vísceras de Mishima
pulam debaixo da cama.
Nenhum cão na imensa Tóquio
ganirá por sua solidão.
Desajeito
O home inacabado
não tem posição
que lhe traga conforto
na cama.
Luta a noite toda
com o colchão
sem que seu corpo
torto possa encontrar
abrigo.
O pensamento
do homem inacabado
gira em falso
como as rodas de um carro
encravado na lama.
in O homem inacabado, de Donizete Galvão, Portal Editora, São Paulo, 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Sofia Lourenço
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Desígnio
DESÍGNIO
Tudo tão natural. A árvore morta
já não abriga pássaros nos ramos.
- Ildásio Tavares
Mesmo com pássaros ao desabrigo
as árvores ainda cumprem
um desígnio vertical. O tronco cingido
de líquenes e ervas tardias
é a promessa do crepitar
da fogueira oculta que move
o ofício dos poetas
mesmo que a boca se fecha, a lenha
das palavras habita o poema
ardendo contra o tempo.
Novembro 2010, Inês Lourenço
in Diversos Afins
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Observatório de maridos assassinados
Acham? Claro que este título é uma boutade ao Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR. Com coisas sinistras não se brinca, não é? Mas até apetece.
Mulheres do meu País, amazonas, Marias da Fonte, Padeiras de Aljubarrota, donzelas guerreiras da tradição oral e demais mulheres de armas: dêem-lhes com o que têm à mão - panelas, frigideiras, baldes, computadores, esfregonas, tampas de sanita (que eles deixam sempre levantadas), etc. Então há ou não há igualdade???
Aqui fica o link.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A retórica rançosa do ritual grevista
No contexto português actual, em que se importa 80% dos bens de consumo, com a consequente subida da dívida e dos juros da agiotagem financeira internacional, organizar greves ditas gerais é comparável a ministrar um laxante a um indivíduo que sofre de diarreia crónica.
Já não se aguentam essas retóricas "proletárias" (cada vez com menos prole), made na extinta URSS, tipo: jornada de luta, povo trabalhador, os patrões malvados que comem o lombo e deixam o osso para os pobrezinhos e assim por diante.
Os denominados piquetes de greve não são mais do que grupos de intimidação organizada, pastoreados pelos gurus sindicalistas, que impedem muita gente de se apresentar nos postos de trabalho, para assim, no final da "jornada de luta", exibirem volumosas percentagens de aderência à greve.
Sei de professores que, dias antes, começaram a ser intimidados por colegas e a receber emails dizendo que os "esperavam no átrio". Ouvi igualmente depoimentos de funcionários que se apresentaram no local de trabalho, mas só porque o porteiro, que tinha as chaves das instalações, estava de greve, não puderam trabalhar, aumentando assim, mais uma vez a percentagem para as estatísticas.
E são estes senhores que denunciam a autocracia, as pressões ilegítimas, a prepotência! Mas, o mais confrangedor, é o irrealismo perante a situação internacional, europeia e portuguesa. Se Portugal não tiver quem lhe fie para aquecer-se no Inverno, meter gasolina nos popós e comprar bens alimentares, quero ver para que caixote do lixo vai esta retórica rançosa e anacrónica. É tempo de se actualizarem.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Herberto Helder, 23 de Novembro de 1930
(...)
li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?
os grandes animais selvagens extinguem-se na terra,
os grandes poemas desaparecem nas grandes línguas que desaparecem,
homens e mulheres perdem a aura
na usura,
na política,
no comércio, na indústria,
dedos conexos, há dedos que se inspiram nos objectos à espera,
trémulos objectos entrando e saindo
dos dez tão poucos dedos para tantos
objectos do mundo
e o que há assim no mundo que responda à pergunta grega,
pode manter-se a paixão com fruta comida ainda viva,
e fazer depois com sal grosso uma canção curtida pelas cicatrizes (...)
- Herberto Herlder, A faca não corta o fogo(Assírio & Alvim, 2008)
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Virilidades vernáculas
(...)chove pra caralho..., o Cristiano Ronaldo joga pra caralho... [...] não há nada a que não se possa juntar um caralho, funcionando este como verdadeira muleta oratória. (...)
Leia a sugestiva referência no blogue Da Literatura, a um artigo do Diário de Notícias.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Opinião
Reina a abundância opinativa em todos os grandes e pequenos púlpitos do País, desde as estações televisivas, à imprensa, aos blogues e aos diversíssimos programas da rádio, fóruns e antenas, em que o bom povo, os políticos, os economistas, os magistrados, etc., dão a sua "opinião".
A questão toda é que, opinar tem uma auréola semântica de respeitabilidade democrática, que não corresponde muitas vezes à formação cívica e intelectual dos enunciantes. Quanto muito será um mero parecer, crença, dúvida ou até uma despudorada má fé.
A Língua, na sua maravilhosa plasticidade, confere ao lexema opinião colorações que andam perto desta simples constatação. Senão, veja-se por exemplo os significados que constam do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: assentimento parcial; adesão do espírito a um juízo, sem exclusão do receio de errar; convicção; modo de ver pessoal; aquilo a que o espírito adere sem a certeza de se estar na verdade; ideia; crença; concepção; sentimento; parecer emitido; voto dado sobre um assunto; presunção; pensamento geral ou atitude em relação a questões políticas, morais, filosóficas, religiosas; o que se pensa à nossa volta.
Parafraseando uma antiga canção de Sérgio Godinho, cuidado com as opiniões.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Poesia e música no Museu Soares dos Reis
domingo, 7 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Sakineh Mohammadi Ashtiani
Enquanto houver no Mundo sistemas judiciais que permitam que uma mulher seja condenada à morte por presumível adultério por processos arcaicos de grande sofrimento e opróbio público, enquanto os homens ao abrigo do guarda-chuva politicamente correcto do multiculturalismo, continuam a ter oficialmente, várias esposas e haréns, TODAS as mulheres do Planeta se devem considerar uma espécie sub-humana. Essa gente farisaica e microcéfala, de ambos os sexos, que fala muito de paridade e de já ser desnecessário lutar por isso, devia parar, para pensar.
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Sakineh Mohammadi Ashtiani
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Dilma
Eleita presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, proferiu algumas comoventes palavras, entre as quais: "Os pais e as mães olhem nos olhos das meninas e digam: as mulheres podem!", afirmação que muito me alegra ouvir formulada em língua portuguesa. Lamentavelmente, na pátria originária desse idioma, o modelo feminino que ainda consegue candidatar-se à mesa do poder é assim uma espécie bafienta e freirática, cheia de conservadorismo pífio, agarrada a valores caducos e mesquinhos. Senhoras que sempre usaram tailleurs de mulheres bem comportadas e cabelos pindéricos, que só se vestem de vermelho se for por causa do Benfica. Dois exemplos que bem ilustram este estereótipo serão Manuela Ferreira Leite e Maria Cavaco Silva, cada uma na sua versão actualizada da Mocidade Portuguesa feminina. Mas, não nos ficaremos por aí. Há numerosas damas, tias avilescas e outras que tais, frequentadoras de paróquias da Lapa a Boliqueime, que engrossam largamente as fileiras desse esterótipo.
Pais e mães, olhem nos olhos das meninas e digam: as mulheres podem!
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Ildásio Tavares
Soneto Dominical
Já não me aflige mais a pasmaceira
do domingo. Meus filhos mundo afora
e eu em casa pensando. A vida inteira
ensina-me a ser só. Não é agora
que eu hei-de reclamar. Segunda-feira
há-de chegar. Há-de chegar a hora
em que se apague a chama derradeira;
em que a vida me diga: vá-se embora.
Tudo tão natural. A árvore morta
já não abriga pássaros nos ramos
que, pouco a pouco, vão caindo ao chão.
Amei mal as mulheres. Mais amamos
nós mesmos, nosso ofício. Pouco importa
a vida; este domingo; a solidão.
Ildásio Tavares, 25-01-1940/31-10-2010
Nota: conheci o Ildásio aqui no Porto das diversas vezes que cá veio em trabalho de divulgação poética, nomeadamente na Faculdade de Letras do Porto. Era uma personagem singular, vibrante, de um grande poder comunicacional e de vastos e diversificados saberes. Foi professor de Literatura Portuguesa na Universidade Federal da Bahia e tem uma considerável obra no domínio da poesia, ficção, ensaio, além de ter colaborado com alguns dos nomes maiores da MPB.
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Visita ao Eugénio
("Terra, se um dia lhe tocares / O corpo adormecido / Põe folhas verdes onde pões silêncio / Sê leve para quem o foi contigo")
Fui ontem visitar o Eugénio. Não estava ninguém. Um verso garantia, na pedra, "não há morte".
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Arundhati Roy
Público, 27.10.10: A escritora e activista de direitos humanos indiana Arundhati Roy poderá vir a ser detida por ter declarado que Caxemira não é parte integrante da Índia.
Numa convenção de activistas políticos, que se realizou em Srinagar no fim-de-semana passado, a autora de “O Deus das Pequenas Coisas” afirmou: “Caxemira nunca foi parte integrante da Índia. É um facto histórico. Até o Governo indiano aceita isto”. O gabinete do ministro do Interior, Moodbidri Veerappa Moily, terá avisado a polícia em Nova Deli que poderá ser levantada uma acusação de subversão contra Roy e contra o líder separatista caxemire Syed Ali Shah Geelani por comentários feitos naquele encontro, adianta o “Guardian”. “Sim, há liberdade de expressão... não pode é violar os sentimentos patrióticos das pessoas”, declarou Moily.O crime de subversão incorre numa pena que pode ir de uma multa a prisão perpétua.Citando uma fonte anónima do Governo, o jornal indiano “The Hindu” refere, no entanto, que não deverá ser apresentada uma queixa, em parte para não prejudicar o diálogo para uma solução do conflito, e também porque Roy e Geelani disseram o que “imensas pessoas” afirmam diariamente naquela região, disputada pela Índia e Paquistão.Os participantes do colóquio – 16 políticos, activistas, artistas, académicos... – apelaram a que Nova Deli “admita que Caxemira é uma disputa internacionalmente reconhecida” e pediram a “todos os democratas do mundo que pressionem o Estado indaino para tomar medidas imediatas relativamente a isso”.Desde Junho que as manifestações contra o poder indiano e a favor da independência de Caxemira, ou da transferência para a administração paquistanesa, fizeram mais de uma centena de mortos e várias centenas de detenções.“Ameaçar-me com uma acção legal destina-se a amedrontar os grupos de direitos civis e jovens jornalistas para que fiquem calados”, comentou Roy ao “Guardian”. “Mas acho que vai ter o efeito oposto. Acho que Governo é suficiente maturo para perceber que é demasiado tarde para pôr uma mordaça”. Antes, a autora, que está ainda em Srinagar (capital de Caxemira), já tinha afirmado à imprensa: “Eu disse o que milhões de pessoas aqui dizem todos os dias. Eu disse o que eu, como outros comentadores, tenho vindo a dizer há anos... Falo de justiça para as pessoas de Caxemira que vivem sob uma das mais brutais ocupações militares do mundo”.
Nota: Um fenómeno singular, que gostaria de ver explicado por algum economista (esses cientistas divinatórios que se enganam sempre nas suas previsões) ou um sociólogo bem actualizado, será este de um país com grande "crescimento económico", tipo União Indiana ou China, ter práticas tão deploráveis a nível de direitos humanos. Outros países, como é o nosso caso, que somos uns caloteiros improdutivos, não têm, pelo menos, essa maneira de "crescer". A palavra "crescer" não deve ser reservada só aos fundos de maneio, mas a outros itens do percurso das nações.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Da crítica literária
(...) A 'atualidade' literária é o Brest Easton Ellis publicar um romance e andar uns meses pela Europa e pela América a dar entrevistas para o promover. Que escritor nacional - ou poeta que vender 300 exemplares do seu livro - pode competir, nos suplementos generalistas, com esta estrela internacional da nova República das Letras? Há alguns, é verdade, que tudo fazem para ter o mesmo tratamento: os que, à nossa escala, revelam potencialidades para entrar nestas produções espectaculares e aceitam fazê-lo. Este modo agressivo de construir a 'atualidade' literária está hoje presente em todo o lado. As "batalhas literárias" de que falava Benjamim transferiram-se para o mercado. (...)
A par disto, o espaço dedicado à crítica tem vindo a diminuir drasticamente; estamos hoje reduzidos ao modelo da pequena recensão com intuitos de divulgação (a crítica propriamente dita requer um discurso argumentativo que o modelo jornalístico atual não contempla e até evita); a literatura perdeu o espaço e o prestígio que tinha e o 'espaço público' literário é de uma grande exiguidade; as páginas dedicadas à literatura têm de competir no grande campeonato da cultura do espectáculo; o crítico deixou de saber para quem escreve. (...)
- António Guerreiro, Notícias da Crítica, suplemento Actual, Expresso, 23 Outubro 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O prisma das muitas cores
Foi lançada uma antologia luso-brasileira no passado dia 9 de Outubro, na Livraria Bulhosa, em Lisboa. É uma edição da Labirinto. Ver mais aqui.
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poesia/ novas edições
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Ana de Castro Osório
Ana de Castro Osório (Mangualde, 18 de Junho de 1872 — Setúbal, 23 de Março de 1935) foi uma escritora, especialmente no domínio da literatura infantil, pedagoga, feminista e activista republicana portuguesa. Ana de Castro Osório foi pioneira em Portugal na luta pela igualdade de direitos entre homem e mulher. Escreveu, em 1905, Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista português. Foi uma das fundadoras do Grupo Português de Estudos Feministas, em 1907, da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, da Associação de Propaganda Feminista, em 1912, da Comissão Feminina ‘Pela Pátria’, em 1916, a partir da qual se formou, no mesmo ano, a Cruzada das Mulheres Portuguesas. Casada com Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano aproximou-se desse partido, tendo, depois da instauração da República, colaborado com o ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio. É considerada a criadora da literatura infantil em Portugal, com a série de contos infantis para as crianças que publicou, entre 1897 e 1935, em Setúbal, em fascículos. Foi membro da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano.
(Fonte: Wikipédia)
Nota: Toda a gente conhece - e merecidamente - o poeta Camilo Pessanha e a sua obra, Clepsidra. Mas poucos sabem, talvez porque os exegetas da Literatura esqueceram o facto, de que Ana de Castro Osório foi a primeira editora deste celebrado livro, em 1920, nas Edições Lusitânia, sua propriedade. Salva-se dessa forma a obra poética de Pessanha, o nosso grande simbolista.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Liga das Mulheres Republicanas
Foi há um século, em 1907, que um grupo de mulheres instruídas e cultas fundou o «Grupo Português de Estudos Feministas», com o objectivo de difundir os ideais da emancipação feminina, fundar uma biblioteca e publicar estudos destinados a instruir e a educar a mulher portuguesa, a fim de melhor desempenhar as funções de mãe e educadora da sociedade futura. O «Grupo», dirigido por Ana de Castro Osório e que agregava intelectuais, médicas, escritoras e, sobretudo, professoras, teve uma existência efémera, mas ainda publicou alguns folhetos que reproduziam discursos, conferências e outros textos de autoria das principais dirigentes, preenchendo assim uma grande lacuna de leituras de teor feminista, acessíveis às mulheres portuguesas.
É em torno deste núcleo que se vai fundar a «Liga Republicana das Mulheres
Portuguesas». A ideia é lançada em Agosto de 1908 por Ana de Castro Osório e António José de Almeida e apoiada por Bernardino Machado e Magalhães Lima. Este projecto, acarinhado pelo Partido Republicano, vai tomar forma legal em Fevereiro de 1909, constituindo-se numa associação, simultaneamente, política e feminista. Os dirigentes republicanos apoiavam e incentivavam a luta reivindicativa das mulheres pela igualdade de direitos que lhes permitissem uma maior intervenção na vida social, económica e política do país mas também lhes interessava criar mais uma frente de
combate à monarquia, sobretudo, por o sexo feminino ser conotado com o
obscurantismo religioso e o conservadorismo político. A «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas», fundada com o objectivo de “orientar, educar e instruir, nos princípios democráticos, a mulher portuguesa, fazer propaganda cívica, inspirando-se no ideal republicano e democrático e promover a revisão das leis na parte que interessa especialmente à mulher e à criança”, será a primeira, a mais duradoura e combativa associação a conciliar a defesa e a difusão dos ideais feministas e republicanos. (...)
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
Ferraris e famintos
Andamos fartos de ouvir falar em OCDE, FMI, G8, agências de rating, dívida pública, défice, etc., etc. E, concomitantemente, na insistência dos "pregadores" de ideologias para a salvação dos "desfavorecidos", que já deram provas da sua ineficácia local e global.
Tudo isto parece ser um fantástico logro civilizacional. Os recursos do Planeta não chegam para sustentar um mundo de fabricantes e consumidores de Ferraris e outras obras-primas extipendiárias do engenho e vaidade humanas, alimentar metrópoles luminescentes de dolce vita e garantir que cada ser, dito da espécie humana, tenha direito a um prato de comida e a alfabetização em qualquer recôndito sítio da Terra.
Este maléfico desequilíbrio civilizacional não tem cura.
O mais que poderá suceder é, se a Natureza antes não pregar qualquer partida tipo degelo dos pólos, que venha a eclodir uma nova revolução, promovida pelos famintos que diariamente tentam emigrar para o mundo da abundância, que entretanto vai fabricando os seus próprios famintos.
Surgirá qualquer novo ismo, cuja implantação libertadora provocará, como é de uso, milhões de vítimas e milhares de presos políticos. Essa libertação gerará novos poderes, novas oligarquias, cerceamento de liberdades individuais, até ser desapeada como acaba sempre por suceder.
Etc., etc. e etc.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A Nova Poesia Portuguesa
SUB ROSA
- para o Herberto Helder -
Não somos os últimos, pois se
há coisa que o mundo sempre fez bem
foi acabar. De novo e sempre: acabar.
Mas já não trabalhamos com o ouro
e temos um certo pudor tardio
em falar de deus, do amor ou até do corpo.
As metáforas arrefecem, talvez contrariadas.
São casas devolutas, mães risonhas
ou sombrias cujo grito deixámos de escutar.
Do lixo, porém, temos um vasto
e inútil conhecimento. Possa
ele servir de rosa triste aos
que não cantam sequer, por delicadeza.
in A Nova Poesia Portuguesa, de Manuel de Freitas. Edição Poesia Incompleta, Lisboa 2010
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terça-feira, 21 de setembro de 2010
Mais referências a 'Coisas que nunca' na web
Mais referências a Coisas que nunca na web: Contra Mundum, Morcegos & Olhimancos, Outro lado da lua e Manchas.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010
Quatro Primeiras-Damas e vinte e dois filhos
Coabitam na residência oficial do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e entram no orçamento do Estado. Os argumentos multiculturalistas não bastam para apagar o primarismo burlesco e um pouco triste da situação, quando nos lembramos que governado por esta ostensiva e dispendiosa poligamia, existe um povo com baixos índices de subsistência.
Para aquelas pessoas que gostam de se iludir acerca da paridade ou igualdade dos géneros, aqui está um bom exemplo, muito semelhante ao que se passa nos galinheiros e selvas deste mundo:
Expresso, 11.09.2010 - "O Mundo dos Outros", por José Cutileiro
O Presidente Jacob Zuma vai casar com Bongiwe Gloria Ngema que o acompanhou recentemente numa visita oficial à China, lhe dará no começo do ano que vem o seu vigésimo segundo filho e será a quarta primeira-dama da África do Sul (em simultâneo). O vigésimo primeiro nasceu à segunda primeira-dama há menos de três semanas. Alguns outros nasceram fora dos casamentos do pai a namoradas de pouca dura e o Estado não tem obrigações para com eles e respectivas mães - mas tem para com as mulheres legítimas do seu chefe e a prole destas. Serão em breve quatro, embora possam vir a ser mais: Zuma é zulu; os zulus são ciosos dos seus costumes, que incluem um rei - Sua Majestade Goodwill Zwelithine, que reina e tem corte num canto da província do Natal da RAS (...).
terça-feira, 7 de setembro de 2010
A raposa lupina
Imagem: Marita Ferreira
É uma espécie de animal híbrido. Tem as características e a simbologia das duas espécies. "Manha de sete raposas" ou "na boca do lobo", são expressões que nos transportam ao imaginário onde estas criaturas habitam. As raposas assaltam mais galinheiros e os lobos rebanhos. Fazem parte do equilíbrio ecológico, embora seja suposto que as galinhas e as ovelhas não estarão muito de acordo.
Como quase todas as características zoológicas têm correspondência no género humano, tenho para mim que este híbrido animal descreve na perfeição a identidade lusa, isto é, a forma de disfarçar o ímpeto predatório - estralhaçar ovelhinhas com a manha videirinha da ladina raposa, na capoeira doméstica. Assim se passa nos vários sectores da actividade nacional: na política, na justiça, na imprensa, na família, na empresa, no futebol e se calhar até na bloga.
O bichinho tem pelagem de diversas cores nesta simbiose das duas espécias animais. Só que nem sempre a raposa lupina se livra de se transformar, também ela, em galinha de capoeira ou ovelha de rebanho, caçadas por um outro híbrido por inventar.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Outras ligações
Coisas que nunca aparece este mês na lista dos dez livros de poesia e teatro mais vendidos pela Fnac (ver aqui).
Outras ligações: Wook, Uma casa em Beirute, Hospedaria Camões, Toca a escrever, Poesia distribuída na rua, Café dos Loucos, Fogo Maduro, Poesia Incompleta.
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coisas que nunca,
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poesia
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Ligações poéticas
a «coisas que nunca»
no Bibliotecário de Babel, aqui
no Magazine da Pilantra, aqui
no Poesia & Lda aqui , no dia 13 de agosto
no Dispersa Palavra, aqui
no Poema Possível, aqui
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sexta-feira, 23 de julho de 2010
COISAS QUE NUNCA
Acabo de receber dois exemplares deste meu novo livro, COISAS QUE NUNCA. Junto vinha um bilhete do meu editor, Vítor Silva Tavares, que aqui transcrevo:
Dois acabadinhos de sair do forno. Degustar com precauções. Perigo de queimar língua e neutralizar papilas gustativas. [Atenção: BABAR, segundo Cândido de Figueiredo, também quer dizer "Estar apaixonado", "Gostar muito".] Evitar excessos!
Um editor destes é um luxo pouco comum, nos dias que correm.
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
Toponímia da alarvidade
Não deixa de ser caricato o resultado da votação camarária que vetou o nome de José Saramago, como topónimo, para a cidade do Porto. Como portuense, bisneta de portuenses, não deixo de me indignar por semelhante palermice e incoerência cultural. A pequenez conceptual desta gente é tão ridícula, que não entendem que com estas atitudes só mostram de maneira muito eficaz que não percebem a importância da Lusofonia e do Prémio Nobel que a distinguiu e que será sempre um valor inapagável para a nossa Cultura.
Pergunto-me que primazia, na vasta toponímia da cidade do Porto, terão nomes de ruas como Rua Nova, para não falar nas dezenas consagradas a nomes de santos, que já não se identificam muito bem, pois há vários santos com o mesmo nome, como Santa Helena e Santa Isabel, só a título de exemplo.
Nem sempre um acto cultural é dispendioso, como prega a actual presidência da câmara municipal do Porto. Ora aqui está um que pouco ou nada lhe custaria; mas para isso, a dimensão intelectual teria de ser outra.
Câmara do Porto nega nome de rua a Saramago
JN 2010-07-14
CARLA SOFIA LUZ
A maioria PSD/PP, liderada por Rui Rio, que gere a Câmara do Porto recusou fazer uma homenagem póstuma a José Saramago. A proposta partiu da CDU. O vereador Rui Sá sugeriu que o escritor fosse agraciado com a atribuição do seu nome a uma rua do Porto.
Mas a sugestão não foi acolhida pela coligação, que, de acordo com o comunista, não justificou o chumbo. A rejeição foi decidida, ontem, de manhã, no momento da apreciação do voto de pesar pela morte de José Saramago, apresentado por Rui Sá na reunião do Executivo portuense.
A maioria PSD/PP entendeu que a votação deveria ter dois momentos. O primeiro visava o reconhecimento do contributo do escritor para a “divulgação e o prestígio de Portugal” e a apresentação de condolências à família.
A CDU e o PS optaram pelo voto favorável, o presidente e cinco vereadores do PSD/PP abstiveram-se e Manuel Sampaio Pimentel (PP) votou contra.
O segundo momento recomendava a homenagem a Saramago, propondo a atribuição do nome do escritor a uma rua da cidade. No entanto, a recomendação foi chumbada por Rui Rio e pelos seis vereadores do PSD/PP. O vereador socialista Vilhena Pereira optou pela abstenção, enquanto os restantes autarcas da CDU e do PS mantiveram o voto favorável.
O chumbo deixou Rui Sá “chocado”, lamentando que, na liderança de uma “cidade liberal como o Porto”, estejam “os seguidores de Sousa Lara”.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
A selvajaria da justiça iraniana
Três juízes, por "convicção", decidem que Sakineh Ashtiani será executada por lapidação.
"Tudo o que peço é uma carta. Quero uma carta para a minha querida mãe. Por favor, escrevam a carta de perdão porque ela é inocente, 100% inocente." Este é o mais recente apelo lançado por Sajjad Ghadarzade, de 22 anos, aos responsáveis iranianos em defesa de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mulher que a "convicção" de três juizes condenou à morte por lapidação. Uma decisão que voltou a colocar o Irão no banco dos réus da comunidade internacional.
A lapidação, ou seja a morte por apedrejamento, foi classificada por John Kerry como "uma punição bárbara". Para este democrata, presidente da Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, o Governo do Irão "deve abolir tal método como uma forma de punição legítima". Howard Berman, presidente da Comissão de Relações Externas da Câmara dos Representantes dos EUA, considerou a decisão "desumana".
Em Londres, várias vozes - inclusive de artistas como Colin Firth e Emma Thompson - insurgiram-se contra a "sentença dos três juizes". "A lapidação é uma punição medieval que não tem lugar no mundo moderno", disse Alistair Burt, responsável no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Profundamente preocupada" com as notícias de execuções iminentes no Irão, entre elas a de Sakineh, foi como se afirmou a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
Outros países fizeram também ouvir a sua voz junto das autoridades iranianas. O embaixador do Irão em Oslo foi, a propósito, convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês para explicar a situação. Isto enquanto organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, desenvolvem intensos esforços junto das autoridades iranianas para que poupem a vida a Sakineh. O seu filho mais vellho corre o risco de ser preso por ter enviado uma carta às organizações de defesa dos direitos humanos a rejeitar as acusações de adultério e a denunciar o mutismo das autoridades iranianas face aos seus pedidos de clemência. A angústia e o desespero de Sajad e da sua irmã Farideh, de 17 anos, derivam da eventual perda da mãe e da forma brutal como a 'justiça' decidiu que seria executada.
Integrada oficialmente no código penal iraniano com a Revolução Islâmica de 1979, a lapidação é sempre feita em público e na presença da família da vítima que, no caso da mulher, é enterrada até ao peito e apedrejada até à morte por 20 homens. As pedras utilizadas não podem ser muito grandes, para que não a matem de imediato, nem muito pequenas.
Sajad esgotou todos os meios, bateu a todas as portas para salvar a mãe, até que alguém lhe disse: "Agora só [o guia supremo] aytollah Khamenei ou o chefe do sistema judicial iraniano, Sadegh Larijani poderão evitar a execução". O jovem escreveu aos dois responsáveis. E ao mundo: "A minha mãe e eu estamos a pedir a todas as pessoas do mundo que nos ajudem e estamos muito gratos pelo que foi feito até agora." (DN-09-07-2010).
"Tudo o que peço é uma carta. Quero uma carta para a minha querida mãe. Por favor, escrevam a carta de perdão porque ela é inocente, 100% inocente." Este é o mais recente apelo lançado por Sajjad Ghadarzade, de 22 anos, aos responsáveis iranianos em defesa de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mulher que a "convicção" de três juizes condenou à morte por lapidação. Uma decisão que voltou a colocar o Irão no banco dos réus da comunidade internacional.
A lapidação, ou seja a morte por apedrejamento, foi classificada por John Kerry como "uma punição bárbara". Para este democrata, presidente da Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, o Governo do Irão "deve abolir tal método como uma forma de punição legítima". Howard Berman, presidente da Comissão de Relações Externas da Câmara dos Representantes dos EUA, considerou a decisão "desumana".
Em Londres, várias vozes - inclusive de artistas como Colin Firth e Emma Thompson - insurgiram-se contra a "sentença dos três juizes". "A lapidação é uma punição medieval que não tem lugar no mundo moderno", disse Alistair Burt, responsável no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Profundamente preocupada" com as notícias de execuções iminentes no Irão, entre elas a de Sakineh, foi como se afirmou a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
Outros países fizeram também ouvir a sua voz junto das autoridades iranianas. O embaixador do Irão em Oslo foi, a propósito, convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês para explicar a situação. Isto enquanto organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, desenvolvem intensos esforços junto das autoridades iranianas para que poupem a vida a Sakineh. O seu filho mais vellho corre o risco de ser preso por ter enviado uma carta às organizações de defesa dos direitos humanos a rejeitar as acusações de adultério e a denunciar o mutismo das autoridades iranianas face aos seus pedidos de clemência. A angústia e o desespero de Sajad e da sua irmã Farideh, de 17 anos, derivam da eventual perda da mãe e da forma brutal como a 'justiça' decidiu que seria executada.
Integrada oficialmente no código penal iraniano com a Revolução Islâmica de 1979, a lapidação é sempre feita em público e na presença da família da vítima que, no caso da mulher, é enterrada até ao peito e apedrejada até à morte por 20 homens. As pedras utilizadas não podem ser muito grandes, para que não a matem de imediato, nem muito pequenas.
Sajad esgotou todos os meios, bateu a todas as portas para salvar a mãe, até que alguém lhe disse: "Agora só [o guia supremo] aytollah Khamenei ou o chefe do sistema judicial iraniano, Sadegh Larijani poderão evitar a execução". O jovem escreveu aos dois responsáveis. E ao mundo: "A minha mãe e eu estamos a pedir a todas as pessoas do mundo que nos ajudem e estamos muito gratos pelo que foi feito até agora." (DN-09-07-2010).
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terça-feira, 6 de julho de 2010
Matilde Rosa Araújo (1921-2010)
Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa em 1921. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora do Ensino Técnico Profissional em Lisboa e noutras cidades do País, assim como professora do primeiro Curso de Literatura para a Infância, que teve lugar na Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Exerceu a sua actividade como professora, na cidade do Porto.
Autora de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças, a sua temática centra-se em torno de três grandes eixos de orientação: a infância dourada, a infância agredida e a infância como projecto.
Dedicou-se, ao longo da sua vida, aos problemas da criança e à defesa dos seus direitos.
É autora de alguns volumes sobre a importância da infância na criação literária para adultos, sobre a importância da Literatura Infanto-Juvenil na formação da criança e sobre a educação do sentimento poético como mais-valia pedagógica.
Prémios: Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian ex-aequo com Ricardo Alberty, em 1980; Prémio atribuído pela primeira vez, para o melhor livro estrangeiro (novela O Palhaço Verde), pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, em 1991;
Prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996.
Figuinho da capa rota
Figuinho da capa rota
É tão pobre e tão rotinho;
Figuinho da capa rota
Foi rota devagarinho
Figuinho da capa rota,
Ai quem te quer almoçar
Figuinho da capa rota
Eu nem o posso provar…
Figuinho da capa rota,
Verde nos primeiros tempos
Veio o Sol e veio a Lua,
Vieram chuvas e ventos.
Figuinho da capa rota,
Que nasceu da mãe-figueira,
Teve sóis e teve luar,
Pássaros à sua beira.
Figuinho da capa rota
Bicado pelos passarinhos:
Figuinho da capa rota
Ninguém lhe põe remendinhos.
Figuinho da capa rota
Tornou-se da cor do mel;
O tempo veio rompê-lo,
Rasgou-se como papel…
Mas agora a mãe-figueira
Está com folhas e sem fruto,
Que o verde é sua maneira
Muito simples de pôr luto.
Araújo, Matilde Rosa , Livro da Tila.
Coimbra: Atlântida Editora, 1973,p.73
Nota - MRA foi minha professora de francês aqui no Porto, pelos meus treze ou catorze anos. Era realmente uma pessoa extraordinária, um ser diferente, que parecia reunir todas as virtudes superlativamente expressas numa simplicidade cheia de grandeza. Foi com ela que clnheci Valéry e Baudelaire, que não eram do programa.
4 Até sempre, Tila.
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
Catulo (séc. I A.C.)
____________________
Ó lasciva taberna e vós companheiros,
Frequentadores do nono pilar após os gémeos embarretados (*),
Acaso pensais que só vós tendes pilas,
Que só vós podeis fornicar qualquer rapariga
E que os outros fedem a bode?
Só porque vos sentais em fila, cem ou duzentos imbecis,
Pensais, acaso, que eu não ousaria,
De uma só vez, meter o que é meu pela boca de duzentos sentados?
Mas pensai: com efeito, sobre todos vós
Na fachada da taberna escreverei obscenidades,
Pois a rapariga, a que fugiu do meu enlaço,
Por mim amada quanto nenhuma antes fora,
Pela qual travei grandes batalhas,
Tomou aí assento. Nobres e ricos,
Todos vós a cortejais, o que é, todavia, indigno,
Todos vós sois tacanhos e devassos de vielas;
E tu mais do que os outros, ó modelo dos cabeludos,
Filho da Celtibéria fértil em coelhos,
Inácio, a quem nobilitou a densa barba
E o dente esfregado com urina ibérica.
(*) Referência ao templo de Castor e Polux, representados com barretes cónicos.
- In «Poemas de Amor - Antologia Poértica Latina (I a.C. a III)», Ed. Relógio D'Água, Lisboa, 2009
selecção e trad. comebtada de
Inês de Ornellas e Castro e Maria Mafalda de Oliveira Viana
Nota: Eis um poema do celebérrimo poeta latino Catulo, que demonstra claramente a não inclusão do Latim na panóplia da religiosidade crística. Foi, efectivamente, o cristianismo que se assenhoriou desta bela língua pagã e do paganismo, para difundir as suas "verdades". Assim, todos os "inteligentes" que, no PREC, por pura iliteracia, se apressaram a varrer a disciplina de Latim do ensino secundário, por ser coisa facista e de padrecas, deviam estar na fila dos duzentos a que alude o poema.
Ó lasciva taberna e vós companheiros,
Frequentadores do nono pilar após os gémeos embarretados (*),
Acaso pensais que só vós tendes pilas,
Que só vós podeis fornicar qualquer rapariga
E que os outros fedem a bode?
Só porque vos sentais em fila, cem ou duzentos imbecis,
Pensais, acaso, que eu não ousaria,
De uma só vez, meter o que é meu pela boca de duzentos sentados?
Mas pensai: com efeito, sobre todos vós
Na fachada da taberna escreverei obscenidades,
Pois a rapariga, a que fugiu do meu enlaço,
Por mim amada quanto nenhuma antes fora,
Pela qual travei grandes batalhas,
Tomou aí assento. Nobres e ricos,
Todos vós a cortejais, o que é, todavia, indigno,
Todos vós sois tacanhos e devassos de vielas;
E tu mais do que os outros, ó modelo dos cabeludos,
Filho da Celtibéria fértil em coelhos,
Inácio, a quem nobilitou a densa barba
E o dente esfregado com urina ibérica.
(*) Referência ao templo de Castor e Polux, representados com barretes cónicos.
- In «Poemas de Amor - Antologia Poértica Latina (I a.C. a III)», Ed. Relógio D'Água, Lisboa, 2009
selecção e trad. comebtada de
Inês de Ornellas e Castro e Maria Mafalda de Oliveira Viana
Nota: Eis um poema do celebérrimo poeta latino Catulo, que demonstra claramente a não inclusão do Latim na panóplia da religiosidade crística. Foi, efectivamente, o cristianismo que se assenhoriou desta bela língua pagã e do paganismo, para difundir as suas "verdades". Assim, todos os "inteligentes" que, no PREC, por pura iliteracia, se apressaram a varrer a disciplina de Latim do ensino secundário, por ser coisa facista e de padrecas, deviam estar na fila dos duzentos a que alude o poema.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
Pintura da Manuela Agostinho (Abracadabra / Magazine)
sexta-feira, 18 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Tenho "ouvisto"
A transferência de todas as expectativas e da identidade nacional para o torneio mundial da bola é deveras interessante. Até essa dos "navegadores" não escapou, quando se sabe, historicamente, que os genoveses e os venezianos foram ainda mais percurssores que os tugas nas artes de marear.
Tanto se exalta o Português, mas o heróis da coisa atropelam comicamente a língua pátria. Claro que, enquanto se gasta a infância e a juventude nas acrobacias do chuto, não se chega para o resto... Assim, duas vedetas, como se diz, "a nível planetário", em pequenos flashes televisivos, adiantaram: "que póssamos" (Nani) e "tenho ouvisto dizer" (Coentrão).
Quanto aos verbos reflexos de Ronaldo e companhias é melhor não enumerarmos, senão não saíamos daqui.
Claro que daqui a um ou dois séculos, se o Planeta ainda continuar, outras jogatainas surgirão para transferir os orgulhos nacionais.
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domingo, 13 de junho de 2010
A 13 de Junho
_______________
Esta data é, singularmente, atreita a nascimentos de futuros poetas:
William Butler Yeats (Irlanda, 1865)
Fernando António Nogueira Pessoa (Portugal, 1888)
J0aquim Manuel Magalhães (Portugal, 1945)
E há uma morte física:
Eugénio de Andrade, 2005
Esta data é, singularmente, atreita a nascimentos de futuros poetas:
William Butler Yeats (Irlanda, 1865)
Fernando António Nogueira Pessoa (Portugal, 1888)
J0aquim Manuel Magalhães (Portugal, 1945)
E há uma morte física:
Eugénio de Andrade, 2005
terça-feira, 8 de junho de 2010
Louise Labé (1924-1966)
Por sugestão de um blogue amigo, que a refere num comentário, aqui deixo uma breve evocação da poeta e feminista francesa do século XVI, Louise Labé.
É chegado o tempo, Mademoiselle, em que as leis inflexíveis dos homens não mais impedirão as mulheres de se devotarem às ciências e disciplinas; parece-me que aquelas que forem capazes, irão empregar esta honrada liberdade, a qual nosso sexo outrora tanto desejava, em estudar estas coisas e mostrar aos homens o mal que causaram em nos privar do benefício e da honra que daí poderiam nos advir. E se alguém chega ao estágio no qual seja capaz de pôr suas idéias no papel, deveria fazê-lo com muito intelecto e não deveria desprezar a glória, mas adornar-se com ela antes do que com correntes, anéis e roupas suntuosas, as quais não podemos considerar realmente como nossas exceto pelo costume. Mas a honra que o conhecimento nos trará, não nos pode ser tomado – nem pela astúcia de um ladrão, nem pela violência de inimigos, nem pela duração do tempo.
- Parágrafo de uma carta enviada por Louise Labé a uma amiga, Mademoiselle Clemence de Bourges, em Lyon, a 24 de Julho de 1555, onde a "Bela Cordoeira" (como era conhecida) defende alguns de seus pontos de vista. (versão Wikipédia brasileira)
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sexta-feira, 4 de junho de 2010
E. M. Cioran
______________
A minha capacidade de ser desiludido ultrapassa o entendimento. É ela que me faz compreender Buda, mas é ela também que me impede de segui-lo.
Do Inconveniente de Ter Nascido, Gallimard,1973, Paris
tradução de Manuel de Freitas, Livraria Letra Livre, 2010, Lisboa
A minha capacidade de ser desiludido ultrapassa o entendimento. É ela que me faz compreender Buda, mas é ela também que me impede de segui-lo.
Do Inconveniente de Ter Nascido, Gallimard,1973, Paris
tradução de Manuel de Freitas, Livraria Letra Livre, 2010, Lisboa
terça-feira, 25 de maio de 2010
A tecer o coração de uma cereja
_________________
Acordar, ser na manhã de abril
a brancura desta cerejeira;
arder das folhas à raiz
dar versos ou florir desta maneira.
Abrir os braços, acolher nos ramos
o vento, a luz, ou o que quer que seja;
sentir o tempo, fibra a fibra.
a tecer o coração de uma cereja.
- A uma cerejeira em flor, Eugénio de Andrade, em As Mãos e os Frutos, 1948
Acordar, ser na manhã de abril
a brancura desta cerejeira;
arder das folhas à raiz
dar versos ou florir desta maneira.
Abrir os braços, acolher nos ramos
o vento, a luz, ou o que quer que seja;
sentir o tempo, fibra a fibra.
a tecer o coração de uma cereja.
- A uma cerejeira em flor, Eugénio de Andrade, em As Mãos e os Frutos, 1948
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quarta-feira, 12 de maio de 2010
O fadinho do futebol e fátima
_____________________
A capital do país está, por estes dias, transformada numa aldeola embebedada de futebol e fátima. Cumpre-se ou continua a cumprir-se a famigerada sina dos três efes, com o fundo musical nem sempre inocente de miserabilismos tardo-masoquistas.
Outros países tiveram trios de iniciais definidoras: a Alemanha nazi, que patrocinava para as mulheres os três "k" (primeira letra das palavras, que em língua alemã significam crianças, cozinha e igreja). Também para a Finlândia se propôs a regra dos três "s": sauna,sexo e Sibelius; mas estes sempre inventaram a "Nokia".
António Costa, autarca da capital, que considero um homem inteligente e lúcido, mais parecia um presidente da junta da Alguidares de Baixo, nos panegíricos tecidos a uma equipa de futebol,
à qual Lisboa muito deve...
RIDÍCULO!!!
Lisboa deve a Pessoa, Eça, Cesário, Garrett, Camões...
Outra interessante foi ver Bento XVI dar a comunhão a um grupo restrito de "eleitos". É que nisto de "queridos irmãos", há sempre uns mais irmãos que outros. E não são os sem-abrigo...
Na próxima função com multidões, em Fátima, a máscara vai descair, para condenar o direito das mulheres a deixarem habitar ou não o próprio ventre, deformar o corpo, perder adolescências, empregos e carreiras, e condenar também as novas formas de família.
A capital do país está, por estes dias, transformada numa aldeola embebedada de futebol e fátima. Cumpre-se ou continua a cumprir-se a famigerada sina dos três efes, com o fundo musical nem sempre inocente de miserabilismos tardo-masoquistas.
Outros países tiveram trios de iniciais definidoras: a Alemanha nazi, que patrocinava para as mulheres os três "k" (primeira letra das palavras, que em língua alemã significam crianças, cozinha e igreja). Também para a Finlândia se propôs a regra dos três "s": sauna,sexo e Sibelius; mas estes sempre inventaram a "Nokia".
António Costa, autarca da capital, que considero um homem inteligente e lúcido, mais parecia um presidente da junta da Alguidares de Baixo, nos panegíricos tecidos a uma equipa de futebol,
à qual Lisboa muito deve...
RIDÍCULO!!!
Lisboa deve a Pessoa, Eça, Cesário, Garrett, Camões...
Outra interessante foi ver Bento XVI dar a comunhão a um grupo restrito de "eleitos". É que nisto de "queridos irmãos", há sempre uns mais irmãos que outros. E não são os sem-abrigo...
Na próxima função com multidões, em Fátima, a máscara vai descair, para condenar o direito das mulheres a deixarem habitar ou não o próprio ventre, deformar o corpo, perder adolescências, empregos e carreiras, e condenar também as novas formas de família.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Visita papal ao Porto
_________________
A próxima missa da visita papal de Bento XVI, aqui no Porto, já não vai ser realizada na Av. dos Aliados, mas sim no Estádio do Dragão, onde Jesus foi crucificado.
A próxima missa da visita papal de Bento XVI, aqui no Porto, já não vai ser realizada na Av. dos Aliados, mas sim no Estádio do Dragão, onde Jesus foi crucificado.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Evidências
Não percam esta apelativa representação de "O Retábulo das Maravilhas", de Jacques Prévert, excelente interacção de Tó Maia (encenador) e actores do TIC TAC (ver cartaz). Esta já foi editada na celebrada &Etc, sob o título "Cenas", em 2003.
Sobre o autor: Jacques Prévert (Neuilly-sur-Seine, 4 de fevereiro de 1900 — Omonville-la-Petite, 11 de abril de 1977) foi um poeta e roteirista francês.
Após o sucesso da sua primeira coletânea de poesias, Paroles (1946), Prévert torna-se um grande poeta popular, graças à sua linguagem familiar, seu senso de humor, seus hinos à liberdade e ao jogo que faz com as palavras. Seus poemas passam a serem estudados em todas as escolas francesas do mundo, conquistando o reconhecimento internacional.
Poeta e roteirista, Jacques Prévert ironiza os usos e costumes, o clero, a igreja. Cria os roteiros e diálogos de grandes filmes franceses pertencentes à escola do realismo poético, realizados em sua maioria por Jean Renoir e Marcel Carné.
Compositor, ele escreve a música "Les Feuilles Mortes", que foi muito famosa em seu tempo, na voz de Ives Montand. Mais tarde, Serge Gainsbourg compôs uma música chamada "La chanson de Prevért" que faz referência à canção citada mais acima.
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sábado, 24 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Wislawa Szymboska
_________________
Permaneceu no seu lugar o todo.
moveram-se os detalhes
pelos carris previstos.
Chegou mesmo a escutar-se
o combinado encontro.
Fora do alcance
da nossa presença.
No paraíso perdido
da verosimilhança
Noutro lugar.
Noutro lugar.
Como elas vibram, estas palavras.
(trad. de Júlio Sousa Gomes)
Permaneceu no seu lugar o todo.
moveram-se os detalhes
pelos carris previstos.
Chegou mesmo a escutar-se
o combinado encontro.
Fora do alcance
da nossa presença.
No paraíso perdido
da verosimilhança
Noutro lugar.
Noutro lugar.
Como elas vibram, estas palavras.
(trad. de Júlio Sousa Gomes)
terça-feira, 30 de março de 2010
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