terça-feira, 16 de novembro de 2010

Opinião



Reina a abundância opinativa em todos os grandes e pequenos púlpitos do País, desde as estações televisivas, à imprensa, aos blogues e aos diversíssimos programas da rádio, fóruns e antenas, em que o bom povo, os políticos, os economistas, os magistrados, etc., dão a sua "opinião".

A questão toda é que, opinar tem uma auréola semântica de respeitabilidade democrática, que não corresponde muitas vezes à formação cívica e intelectual dos enunciantes. Quanto muito será um mero parecer, crença, dúvida ou até uma despudorada má fé.

A Língua, na sua maravilhosa plasticidade, confere ao lexema opinião colorações que andam perto desta simples constatação. Senão, veja-se por exemplo os significados que constam do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: assentimento parcial; adesão do espírito a um juízo, sem exclusão do receio de errar; convicção; modo de ver pessoal; aquilo a que o espírito adere sem a certeza de se estar na verdade; ideia; crença; concepção; sentimento; parecer emitido; voto dado sobre um assunto; presunção; pensamento geral ou atitude em relação a questões políticas, morais, filosóficas, religiosas; o que se pensa à nossa volta.

Parafraseando uma antiga canção de Sérgio Godinho, cuidado com as opiniões.

4 comentários:

pilantra disse...

Opinião da fezada, chamo-lhe eu.
Algumas, tanto em pró como em contra, são verdadeiros achados de exuberante ignorância.

Gostei do opinante parlapatão da Marita. eh eh eh

Mas não me fale da Porto Editora. Tive a desdita de ouvir o seu dono e cabeça de cartaz - ou dado como tal - vaticinar o fim das edições de poesia. Que ficarão reduzidas, cada vez mais, às pequenas editoras caseiras, etc., etc..
Que eu o diga, atura-se. Mas que o dono da farta Porto Editora, enquanto editor (e livreiro) o diga, é deprimente e mesquinho.
Que seria da literatura portuguesa sem os poetas?

Logros disse...

Olá Nelinha.
Eu não sei quem é o dono da editora, pois os donos de tanta coisa interessam-me muito pouco. Mas os dicionários da Porto Editora sempre foram bastante bons, desde há décadas.
Além disso, essa mesma editora publicou, o ano passado, uma monumental "Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI", com 2149 páginas, onde estão representados poetas vivos que eu sei que aprecia.
Beijinhos,
Inês

pilantra disse...

Tipo Dicionário, já vi. Essa não é a tal «gravemente» incompleta???

O facto de não impede que, não é?

Além de que o meu discurso era com o editor, não com o autor da nem com os poetas da - incluidos ou não.
Mas lá que o editor o disse, disse.
E que é lamentavel, também é.
Evidentemente que ele publicará o Camões, o Pessoa e até o juvenil VGM.
De preferência todos muito bem cartonados e em rubicundos volumes - tipo dicionário.
Não é que isso seja mau - descontado o VGM, não se vê inconveniente poético de monta, que entre mortos e vivos alguém escapará.

E já que fala nos dicionários, o problema também não é com eles, como muito bem entendeu, sua fingidora.
O problema é o toque do rabecão.

pilantra disse...

No «expresso» o AG mandou uma trancada ao dito «editor & livreiro». Gostei muito - apesar do peso indigesto e nebuloso da sabedoria não permitir a vulgares ficar clara a pouca vergonha. Mas o homem é assim, que fazer?