quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Arundhati Roy


Público, 27.10.10: A escritora e activista de direitos humanos indiana Arundhati Roy poderá vir a ser detida por ter declarado que Caxemira não é parte integrante da Índia.
Numa convenção de activistas políticos, que se realizou em Srinagar no fim-de-semana passado, a autora de “O Deus das Pequenas Coisas” afirmou: “Caxemira nunca foi parte integrante da Índia. É um facto histórico. Até o Governo indiano aceita isto”. O gabinete do ministro do Interior, Moodbidri Veerappa Moily, terá avisado a polícia em Nova Deli que poderá ser levantada uma acusação de subversão contra Roy e contra o líder separatista caxemire Syed Ali Shah Geelani por comentários feitos naquele encontro, adianta o “Guardian”. “Sim, há liberdade de expressão... não pode é violar os sentimentos patrióticos das pessoas”, declarou Moily.O crime de subversão incorre numa pena que pode ir de uma multa a prisão perpétua.Citando uma fonte anónima do Governo, o jornal indiano “The Hindu” refere, no entanto, que não deverá ser apresentada uma queixa, em parte para não prejudicar o diálogo para uma solução do conflito, e também porque Roy e Geelani disseram o que “imensas pessoas” afirmam diariamente naquela região, disputada pela Índia e Paquistão.Os participantes do colóquio – 16 políticos, activistas, artistas, académicos... – apelaram a que Nova Deli “admita que Caxemira é uma disputa internacionalmente reconhecida” e pediram a “todos os democratas do mundo que pressionem o Estado indaino para tomar medidas imediatas relativamente a isso”.Desde Junho que as manifestações contra o poder indiano e a favor da independência de Caxemira, ou da transferência para a administração paquistanesa, fizeram mais de uma centena de mortos e várias centenas de detenções.“Ameaçar-me com uma acção legal destina-se a amedrontar os grupos de direitos civis e jovens jornalistas para que fiquem calados”, comentou Roy ao “Guardian”. “Mas acho que vai ter o efeito oposto. Acho que Governo é suficiente maturo para perceber que é demasiado tarde para pôr uma mordaça”. Antes, a autora, que está ainda em Srinagar (capital de Caxemira), já tinha afirmado à imprensa: “Eu disse o que milhões de pessoas aqui dizem todos os dias. Eu disse o que eu, como outros comentadores, tenho vindo a dizer há anos... Falo de justiça para as pessoas de Caxemira que vivem sob uma das mais brutais ocupações militares do mundo”.

Nota: Um fenómeno singular, que gostaria de ver explicado por algum economista (esses cientistas divinatórios que se enganam sempre nas suas previsões) ou um sociólogo bem actualizado, será este de um país com grande "crescimento económico", tipo União Indiana ou China, ter práticas tão deploráveis a nível de direitos humanos. Outros países, como é o nosso caso, que somos uns caloteiros improdutivos, não têm, pelo menos, essa maneira de "crescer". A palavra "crescer" não deve ser reservada só aos fundos de maneio, mas a outros itens do percurso das nações.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Da crítica literária


(...) A 'atualidade' literária é o Brest Easton Ellis publicar um romance e andar uns meses pela Europa e pela América a dar entrevistas para o promover. Que escritor nacional - ou poeta que vender 300 exemplares do seu livro - pode competir, nos suplementos generalistas, com esta estrela internacional da nova República das Letras? Há alguns, é verdade, que tudo fazem para ter o mesmo tratamento: os que, à nossa escala, revelam potencialidades para entrar nestas produções espectaculares e aceitam fazê-lo. Este modo agressivo de construir a 'atualidade' literária está hoje presente em todo o lado. As "batalhas literárias" de que falava Benjamim transferiram-se para o mercado. (...)
A par disto, o espaço dedicado à crítica tem vindo a diminuir drasticamente; estamos hoje reduzidos ao modelo da pequena recensão com intuitos de divulgação (a crítica propriamente dita requer um discurso argumentativo que o modelo jornalístico atual não contempla e até evita); a literatura perdeu o espaço e o prestígio que tinha e o 'espaço público' literário é de uma grande exiguidade; as páginas dedicadas à literatura têm de competir no grande campeonato da cultura do espectáculo; o crítico deixou de saber para quem escreve. (...)
- António Guerreiro, Notícias da Crítica, suplemento Actual, Expresso, 23 Outubro 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Agustina


A alma é um vício.
(Agustina Bessa-Luís, in Fanny Owen)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O prisma das muitas cores


Foi lançada uma antologia luso-brasileira no passado dia 9 de Outubro, na Livraria Bulhosa, em Lisboa. É uma edição da Labirinto. Ver mais aqui.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ana de Castro Osório

















Ana de Castro Osório (Mangualde, 18 de Junho de 1872 — Setúbal, 23 de Março de 1935) foi uma escritora, especialmente no domínio da literatura infantil, pedagoga, feminista e activista republicana portuguesa. Ana de Castro Osório foi pioneira em Portugal na luta pela igualdade de direitos entre homem e mulher. Escreveu, em 1905, Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista português. Foi uma das fundadoras do Grupo Português de Estudos Feministas, em 1907, da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, da Associação de Propaganda Feminista, em 1912, da Comissão Feminina ‘Pela Pátria’, em 1916, a partir da qual se formou, no mesmo ano, a Cruzada das Mulheres Portuguesas. Casada com Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano aproximou-se desse partido, tendo, depois da instauração da República, colaborado com o ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio. É considerada a criadora da literatura infantil em Portugal, com a série de contos infantis para as crianças que publicou, entre 1897 e 1935, em Setúbal, em fascículos. Foi membro da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano.

(Fonte: Wikipédia)

Nota: Toda a gente conhece - e merecidamente - o poeta Camilo Pessanha e a sua obra, Clepsidra. Mas poucos sabem, talvez porque os exegetas da Literatura esqueceram o facto, de que Ana de Castro Osório foi a primeira editora deste celebrado livro, em 1920, nas Edições Lusitânia, sua propriedade. Salva-se dessa forma a obra poética de Pessanha, o nosso grande simbolista.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Liga das Mulheres Republicanas



Foi há um século, em 1907, que um grupo de mulheres instruídas e cultas fundou o «Grupo Português de Estudos Feministas», com o objectivo de difundir os ideais da emancipação feminina, fundar uma biblioteca e publicar estudos destinados a instruir e a educar a mulher portuguesa, a fim de melhor desempenhar as funções de mãe e educadora da sociedade futura. O «Grupo», dirigido por Ana de Castro Osório e que agregava intelectuais, médicas, escritoras e, sobretudo, professoras, teve uma existência efémera, mas ainda publicou alguns folhetos que reproduziam discursos, conferências e outros textos de autoria das principais dirigentes, preenchendo assim uma grande lacuna de leituras de teor feminista, acessíveis às mulheres portuguesas.
É em torno deste núcleo que se vai fundar a «Liga Republicana das Mulheres
Portuguesas». A ideia é lançada em Agosto de 1908 por Ana de Castro Osório e António José de Almeida e apoiada por Bernardino Machado e Magalhães Lima. Este projecto, acarinhado pelo Partido Republicano, vai tomar forma legal em Fevereiro de 1909, constituindo-se numa associação, simultaneamente, política e feminista. Os dirigentes republicanos apoiavam e incentivavam a luta reivindicativa das mulheres pela igualdade de direitos que lhes permitissem uma maior intervenção na vida social, económica e política do país mas também lhes interessava criar mais uma frente de
combate à monarquia, sobretudo, por o sexo feminino ser conotado com o
obscurantismo religioso e o conservadorismo político. A «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas», fundada com o objectivo de “orientar, educar e instruir, nos princípios democráticos, a mulher portuguesa, fazer propaganda cívica, inspirando-se no ideal republicano e democrático e promover a revisão das leis na parte que interessa especialmente à mulher e à criança”, será a primeira, a mais duradoura e combativa associação a conciliar a defesa e a difusão dos ideais feministas e republicanos. (...)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

VIVA A REPÚBLICA !

31 de Janeiro de 1891

5 de Outubro de 1910