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«O topónimo
Portucale, síntese de dois vocábulos primitivos (
Portus e
Cale, referentes a dois aglomerados populacionais fortificados, nas margens norte e sul do rio a que chamaram Douro), tem a sua alusão mais antiga inscrita em moedas visigóticas,
Portucale - por extenso,
Portucale castrum novum, nome de uma diocese constante em documentos do Concílio de Lugo, em 569 - viria, por abrandamento fonético, a dar origem a Portugal, nome do que é hoje, com as actuais delimitações fronteiriças, o mais velho país da Europa.
(...)
Burgo de resistência, cidade-chave na edificação do reino, matriz, por interposto Infante D. Henrique, da expansão marítima, ninho de ideais voltados para o progresso material e espiritual - foi no Porto operário que, em 1889, se realizou o primeiro congresso socialista e, e em 1890, uma celebração do 1.º de Maio, dois anos após a matança de Chicago - enriquecendo-se em alfobre artístico, berço de guerreiros, navegadores, comerciantes, artistas de todas as artes, o Porto dos Almadas, a "Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade" metamorfoseia-se, na segunda metade do séc. XIX, numa verdadeira metrópole moderna.
(...)
Nos estaleiros do Douro. foi construída, aliás, boa parte da frota que, de Lisboa, rumou a Ceuta, num contributo que não se ficou pelo trabalho e pelo saber dos carpinteiros, calafates e demais artífices ribeirinhos; os porões dos navios encheram-se com carne que os portuenses dispensavam, limitando-se a guardar para si os miúdos, as partes intestinais, enfim, as "tripas das reses". Belo gesto, história ou lenda, que deu como ganho aos portuenses uma honrosa alcunha: tripeiros.»
DIAS, Manuel,
Porto Património Cultural da Humanidade - Espaços e Monumentos Clasdsificados pela Unesco, Porto, Norprint, 1999