terça-feira, 26 de agosto de 2008

"Pelo Deserto as Minhas Mãos"

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Ninguém sabe como começa
o irrefreável movimento dos mercadores, esse burburinho forte
quando pelo chão espalham os seus produtos
Ninguém sabe como no azul das camionetas se amontoam tantas
coisas incríveis: homens, cestos, galinhas...é uma enchente ao
despique com o vagido dos dromedários, com os gritos dos berberres
a quem vejo os olhos

E vêm também uns jograis do outro lado do Mediterrâneo:
cabriolam, mimam actos desconexos, tecem imagens a seu bel-
prazer em poemas curtos e de rápido efeito


Ninguém sabe como começa
o instante em que me aproximo: calado, nu, completamente
indefeso. Frente ao turbilhão - eu, com todas as mazelas à mostra;
eu, pequena Viagem dentro de outra bem maior. Mas que
importância tem esta incauta leveza se estou apenas de passagem?



Victor Oliveira Mateus, Pelo Deserto As Minhas Mãos, Coisas de Ler, Edições Ld.ª, Carcavelos, 2004

15 comentários:

observatory disse...

"Olá César,

Vou ver se procuro o teu blogue "o & tal da arte" para pôr nos links deste.
Os "pequenos nacionalismos" são muitas vezes uma fantochada. Pois , à custa de ódios regionais acabam por se vender aos "falcões". E há sempre uns cabrões duns "senadores" locais, intetressados no negócio."

ola ines

tens toda a razao.
acabam quase sempre por se vender aos falcoes.
e eu que sonhei com a libertaçao de tanta gente
olho hoje para africa e fico triste.
tanta gente numa miseria total
por outro lado...
meia duzia que rebentam de dinheiro.

o &tal está paradito. tenho um outro de recordaçoes de bolso. o que me resta ao fim do dia (fiolimpo.blogspot.com.

sabias que o antonio aragao morreu no dia 11 de agosto? perdi mais um.
http://seg2.blogspot.com/

saude para ti e para a tua familia

cesar

Graça Pires disse...

"Pelo Deserto As Minhas Mãos" é o livro do Victor que eu mais gosto.
Gostei de o ver aqui, neste espaço, onde também cheguei através do blogue dele.
Um beijo.

Logros disse...

Graça,

Efectivamente, este autor merece ser lido e "viajado". Refiro-me ao autor/texto, como é óbvio.Peço desculpa, mas não sou muito dada a trocas de panegíricos afectivos on-line. Os poemas depois de escrito têm vida própria.

Agradeço a visita.
I.

Logros disse...

César,

Não percebi nada. Como é que veio cá parar um comentário "misto", que não tem nada a ver com o post?

Inté.
I.

Anónimo disse...

Olá Inês, cá estou eu recém-chegado de Trás-os-Montes: de romarias, bailes de Verão (este ano bem frios), adegas e rios.
Belo poema, e este verso notável, de antologia: "eu, pequena Viagem dentro de outra bem maior". Vou comprar.

É bom ler-te neste novo blogue com o título do teu melhor livro.
Abraço!

Logros disse...

Rui,

Ainda bem que retornas. Já não se aguenta a "silly season" e as caras bovinas que por cá param. Com esta proibição fundamentalista do fumo nos cafés, alguns homens "futeboleiros" e de olhares "à matador" vêm todos para o passeio, em horda. Parece que estamos na aldeia, sem desprimor para as vantagens do campo.

Não consigo comnentar no "vala comum", porque as letras (e números) de verificação são tão intrincadas, com fundo preto e cores baças, que erro sempre a chave.

Ainda bem que gostaste do poema. Consegue ser intimista, pictórico e falar das coisas do mundo e do dizer. Um certo "conseguimento", como dizem uns críticos cá do reino ...rs rs rs...

Abraço

I.

angelá disse...

Pois eu não conhecia o poeta e fiquei com vontade de conhecer melhor.
Já agora aproveito a boleia do espaço para convidá-la a ir ver uma receita lá no meu blog, coisa mázinha como eu gosto, a propósito de "poetas que falam muito de luz"rsrsrsrs...
E tb aproveito para dizer ao Rui Lage que gostava que pusesse mais coisas no Vala Comum, para meu regalo que adoro lê-lo.

beijos

Anónimo disse...

Inês,

Por acaso acho que a única vantagem da proibição de fumar em locais públicos é justamente essa: há mais pessoas nos passeios, nas calçadas, nas pracetas, nas escadaria, etc.; cria a ilusão (que é do que vivemos, pois)de que os(as) portugueses(as) não se renderam totalmente aos shoppings; faz as ruas parecerem menos despovoadas.

Olha, não me tinha dado conta dessa dificuldade da verificação... Vou falar com o Jorge, porque eu nem sequer sei "publicar" os textos na vala, tenho de os enviar primeiro para ele.

Cara Ângela, óptimo título, esse da "Mulher sem qualidades"! Obrigado por gostar dos cadáveres lançados à vala comum (que no Porto também se pode chamar de bala - comum). Também gostava de atirar mais amiúde com defuntos lá para dentro, mas não é assim tão fácil. É que os meus textos são mesmo escritos a partir dos polaróides do Jorge Garcia Pereira. Ele envia-mos e eu escrevo a olhar - literalmente - para eles, sem os quais, portanto, não existiria blog. A questão é que escrever um poema a partir de uma fotografia é bem mais difícil (pelo menos para mim) do que possa parecer. E ainda por cima sem descolar do motivo, móbil, pretexto, razão, etc., que é a cidade do Porto. Há que resistir à tentação de despejar para lá inanidades... Obrigado, de novo.

Logros disse...

Rui,

Cem por cento de acordo com o pulsar urbano,fora dos hiper, de que falas, mas eu refiro-me ao "meu" café, na esquina do passeio, onde moro. Podes crer que é bastante incomodativo. Além de que, também eu, gosto de um "Platina" (muito inofensivo) depois do cimbalino. Tem que nos restar algum pequeno vício...rs rs rs.
Obrigada por "animares" o "Logros".
Abraço

I.

Logros disse...

Ângela,

Uma sátira excelente. Parabéns. Mas o mundo está cheio de gente que não tem auto-crítica e se compraz nos mais diversos carneirismos, sem disso se aperceber.

Abraço

I.

angelá disse...

Ah.. eu queria ter respondido aqui, mas as letras de verificação estavam ilegíveis. Por isso respondi lá no meu canto.

nnannarella disse...

Ô ô plá !!! Um dos teus mais belos títulos. Através da Ângela, vejo que finalmente te adequaste aos comentários... Sempre, porém, assídua à Vida, é de braços rasgados sobre Tormes que aqui a (porto). "Sezim"... diz-te algo ? Um beijo, bem consentido.

Victor Oliveira Mateus disse...

Olá Inês,

agradeço-lhe a publicação de um
poema meu no "Logros"... Obrigado ao Rui e à Ângela por terem gostado
E já que aqui estou, avanço com a minha posição em relação à questão tabagista. O que me incomoda não é a ocupação dos passeios - marciano como sou nem os vejo -, o que me incomoda é a testosterona. Eu explico-me: habitando num 3º andar
por cima de um café, e tendo o "homem luso" aprendido que a masculinidade se afirma pelo falar alto e o gritar com o outro, lá me chegam as vozes de barítonos falhados até ao sítio onde trabalho, assim
se consigo não os ver, não os ouvir é-me bem mais difícil... Verei como escapo desta.
Um abraço.

Logros disse...

Victor,

Obrigada pelo comentário.
Gostei da "desculpa" da "testosterona". rsrsrs....Qual será o nível hormonal de outros cavalheiros europeus?
A gralha já foi corrigida.Terá mais alguma?

Volte sempre.

I.

Dona nnanna,

Como passa a fã de magnani(falta aqui aslgum "n"?),samurais, visconti, etc, etc, etc?
Quanto a Tormes, desconfio que hoje, o Jacinto, não se converteria vitaliciamente às "Serras", tão incendiadas e desfalcadas de demografia andam. Hoje, o Jacinto navegaria na Net e comentaria nos blogues.
O outro topónimo não identifiquei.

Esta dos comentários, ainda é uma experiência. Se me cansar, volto ao mutismo, que é mais calmo.

Boa "rentée".

Isabel M. Ferreira,

Agradeço a gentileza das suas alusões ao que escrevo, com que já deparei algumas vezes.
Bem haja.

I.

angelá disse...

Ai I. eu acho que não vou resistir a essa do Jacinto na net e a comentar blogues...eheheheh...

beijo