sábado, 30 de agosto de 2008

A morte-fêmea em Portugal ?

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Desde o início deste ano de 2008, trinta e cinco (35) mulheres foram mortas, em Portugal, pelos maridos ou companheiros e verificaram-se mais vinte e oito (28) tentativas de assassínio.

(dos jornais)

PS- Uma das últimas vítimas, foi baleada na via pública, quando levava um filho de meses, ao colo.

6 comentários:

angelá disse...

que podemos dizer...........
ou muita coisa, porque tem pano para mangas, infelizmente, ou então ficar em silêncio. mas era bom que se começasse a dizer que o rei vai nu e a dar uns murros nas mesas...
bom fim de semana, se possível

Logros disse...

Ângela,

Obrigada pelo comentário.
Mas, é perante estes números, que uma pessoa se pergunta se certos "aperfeiçoamentos" democráticos, como o multiculturalismo e a defesa das minorias, têm base civilizacional para se aguentarem. Os ginofóbicos do costume, que não se iludam. E também certas senhoras muito bem pensantes, que acham "humilhante" a discriminação positiva (sistema de quotas) no(s) Parlamentos.
Pode ser que, se as anónimas mulheres que se deixam sovar até à morte, virem mais (e agora vou relembrar uma boçalidade machista)"gado rachado" no Parlamento, aumentem a auto-estima em relação ao próprio género.

Victor Oliveira Mateus disse...

Bem, já que ando por aqui... pergunto-me se a violência sobre as
mulheres e sobre as referidas minorias é, em termos relativos,
igual ou inferior a países como: a Noruega, a Islândia, a Alemanha,etc. Isto pergunto eu, aqui sentado, enquanto espero que a Albânia nos passe à frente; isto
pergunto eu, aqui sentado, nada surpreendido pelos sucessos relativos da Espanha, da irlanda,
da Eslovénia... Quero dizer: a vio-
lência sobre as mulheres, o facto dos parisienses continuarem a ler nas esplanadas, nos jardins, no metro, etc., o facto de em Santiago do Chile raramente se ver um papel no chão, não estará tudo relacionado? Quero dizer ainda: não será a violência sobre a mulher apenas uma variável de algo mais complexo? Se os comporta-
mentos humanos se formatam por observação, imitação e prática
pergunto: o que nos servem as elites(?) diariamente? Que modelos
de comportamento são veiculados pelos media? Quais os livros que mais se vendem? Vocês sabiam que em
Lisboa voltaram os mendigos "de porta em porta"... não os via desde os tempos da minha adolescên
cia? Não gosto de colar puzzles,
gasta-se muita cola!
Um abraço, Inês.

Logros disse...

Obrigada Victor.

Pois esse é justamente o meu ponto: o grau e qualidade da cidadania.
Eu já sei que estes assuntos da dita "violência doméstica", são muito chineleiros, pouco sofisticados, nada requintados; por isso os intelectuais bem pensantes ou os que vivem de lindas metáforas, não lhes pegam.

Um blogger que até considero e, de vez enquanto, visito, ao postar acerca da recente vaga de criminalidade, referiu que "dos tiros em família, nem falo, que é coisa velha, do tempo de Camilo".
Esta "boutade", pareceu-me significativa, do que acabo de referir.Pois lamento recordar ao sr. blogger (que não tem comentários) que no "tempo de Camilo" se ia preso e condenado por adultério. Isso mesmo aconteceu ao célebre casal (Camilo e Ana Plácido) na Cadeia da Relação aqui do Porto. Mas, no que se refere à violência sobre mulheres e companheiras, a coisa é tão enfastiante e corriqueira, que só como "boutadezinha", mesmo.

Não sou pessoa que fixe muito as estatísticas, nem pertenço a nenhuma organização cívica, para além de associações de escribas, logo não tenho "números relativos", de outros países. Mas, toda a gente sabe que nos países nórdicos há quotas para os Parlamentos, mulheres altamente colocadas na política e outro respeito e responsabilidade social, a muitos níveis. Por que será que na Alemanha (mais no centro da Europa) há uma primeira ministra?
Estive em Berlim-Oeste, ainda em 86 e posso garantir que eu e a minha filha andávamos na rua, à noite, de metropolitano, depois da meia-noite, sem sermos importunadas, coisa que em Portugal, à época, ainda era difícil.

Sempre achei que enquanto no Parlamento, não tiverem assento, mulheres tão apagadas como a maioria dos deputados/homens que lá sempre têm estado, a "igualdade" de "género" é uma treta.

Quanto aos pobres à porta, tenho há anos um "freguês" que toca à campaínha para "uma esmola, se faz favor". É para os copos, bem sei, porque há diversas organizações de solidariedade social, que servem refeições e dão roupa e até albergue. Mas, aqui o Nortugal e nomeadamente a Invicta, nunca se pôde gabar dos rendimentos "per capita" da região da capital do reino.

Não sei se aludi a tudo.
Abraço.
I.

Victor Oliveira Mateus disse...

Inês,
eu andei às voltas, porque uma coisa é falarmos por mail outra é
tornarmos público o nosso pensamento, de qualquer modo vou então esquematizar o que antes disse e relacionar com a sua resposta:
1º não acho que a questão da violência doméstica seja chinelei-
ra, ela é um fenómeno extremamente
grave, mas acho que ela é parte de
todo o tipo de violência que se
possa exercer sobre os menos aptos
para se defenderem. É gravíssima
a violência sobre as mulheres, sobre os idosos(eu sei o que é ter
em casa um pai demenciado de 84 anos com 70 contos de reforma POR MÊS e com a dança das assistentes sociais, que só visto- Oh, violência das violências... um dia conto-lhe este filme)...), etc.
Depois tb há a dança dos lares, onde os idosos aparecem com frequência com nódoas negras, porque caiem ...Era isto que eu queria dizer...
2º não sei o que é um intelectual
bem pensante, mas se é alguém que
vive na sua torre de marfim... acho
que é um intelectual "mal pensante", mas isto é a minha opinião...
3º felizmente não conheço quem
viva "de" lindas metáforas, nós
os dois somos do tempo daqueles que
viviam (e vivem) "com" lindas metáforas. Os que vivem "de" lindas metáforas, não vivem... e o limbo, segundo decreto eclesiástico(eheh)
deixou de existir. Não gosto de Penélopes enredadas no seu jogo de
espelhos, mas tenho um fraquinho
pelos que articulam de forma escorreita a metáfora com o real
concreto, mas isto tb é uma posição
pessoal.
4º quando falei em termos relativos
e em certos países, queria dizer
que esses comportamentos (bater na companheira, bater nos velhos, etc.
- já que falou na Alemanha: conhece
algum caso na Alemanha em que alunos batam nos professores? Alunos alemães, de alguém que conheço, ficaram horrorizados com um
certo caso cá do burgo)estão rela-
cionados como disse, e bem, com o
nível de cidadania, mas tb com aspectos culturais e socio-económi-
cos. Era aqui que eu queria chegar,
por isso falei do regresso da mendicidade e alguma é bem real.
5º quando falei das elites: já ouviu algum locutor de
televisão dizer: "tem a haver"? Para mim "ter a haver" é uma expressão da esfera da contabilida-
de. Houve uma altura da minha vida em que comecei a fazer uma lista,
mas quando cheguei aos célebres "concertos para violino"
de Chopin desisti...
6º eu tb não pertenço a nenhuma
organização cívica, mas mais uma
vez temos um ponto em comum: para
que serve a associação de escribas
se ela se resumir a um grupo de eunucos?(Apetecia-me usar a expres-
são "fazer luz sobre", mas lá vinha
a tal "Luz"... rsrsrs)
7º sou a favor do aumento do número
de mulheres no Parlamento... e não
só aí! Desde que não se tatcherizem e
adquiram aquilo a que habitualmente
se chamam as virtudes masculinas,
que eu pessoalmente penso serem defeitos (incapacidade de ouvir o
outro; eu ouço-o sim e depois faço
como quero; um certo maquiavelismo
político, etc.)...
Sobre a questão das elites eu não digo mais on-line. Falamos depois
disso noutro lado... pois tem a ver
com questão do rendimento per-capita: se um tiver uma aposentação de 7.OOO, e outro de
9.000 e 500 calceteiros e contínuos tiverem uma de 420, isso
quer dizer que 502 ganham por mês ...? É giro, não é? Por isso é
que a mourama tem um "rendimento" per capita maior, "atão não havera" de ter, vivem cá muitos calceteiros e contínuos (eheheheh!)
Abraço
V.

P.S. Uff, "tou" morto!

Logros disse...

Obrigada Victor.Você merece uma medalha de ouro rsrsrs. Só que não pertenço a nenhum comité olímpico...

Falando seriamente, a questão dos idosos é igualmente dolorosa. Tem razão.

Mas, para fim de comentário, só queria informar que existe no Porto (e creio que em mais locais do país) uma organização denominada UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) com muitas informações e orientações on-line, para os casos de violência contra as mulheres. Tanto quanto sei, disponibilizam apoio jurídico e outros, nomeadamente acesso a "casas de abrigo" sigilosas; frequentemente, perante ameaças de homicídio, as vítimas fogem das suas casas com os filhos menores, só com a roupa do corpo. Aqui entra, então, a possível orientação da UMAR.

Obrigada Ângela e Victor,pelas vossas oipiniões.

I.