Saramago, que nunca foi santo da minha devoção, afunda-se a propósito do seu "Caim", num grotesco e simplório jacobinismo.
O conceito de "pessoa" e "divindade", pelo menos para um Nobel da Literatura, devia merecer alguma lucidez. "Pessoa" é mortal, material, finita; "divindade" é imortal, imaterial, infinita. Falo de conceitos e "topos" culturais e não de "verdades" ou crenças acéfalas..
Que seria da Cultura Ocidental sem os temas bíblicos?
Lembram-se de "Sôbolos Rios" ou de "Sete anos de pastor Jacob servia"? E Dante? E Bach? E o "Requiem" de Mozart? E de tantos outros génios?
Com isto não aprovo Sousas Laras nem outros Torquemadas de pacotilha. Mas a Literatura Portuguesa merecia um Nobel melhor.
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4 comentários:
Cara Inês, já leu a Bíblia? Eu ainda não. Comecei à lê-la pq o Tartaruga Genial (Saramago) acusou que ninguém a lia, nem os católicos, e eu apesar de não ser católico praticante (tenho como todos nós os valores impregnados) senti-me obrigado a colmatar essa pecha. O livro está a ser excelente, com um carácter arqueológico que o torna irrestível, mas Deus é efectivamente uma má pessoa: Mata inocentes, provoca genocídios, aplica castigos desmesurados, é rancoroso. Isso são tudo sinais de má pessoa, ou uma pessoa como outra qualquer. Afinal ele fez-se à nossa imagem ou nós nos fizemos à imagem ou vice-versa, já não sei bem. Voltando ao assunto, o que ele está a referir é o Deus Bíblico, o Deus da história dos livros da Bíblia. Efectivamente tem todos os nossos defeitos e pratica todos os nossos crimes. Parece que no novo testamento mata o filho, ouvi dizer. Mas ainda não cheguei lá. Os únicos evangelhos que li foi o Evangelho segundo Jesus Cristo do Tartaruga Genial e a "Ùltima Tentação de Cristo" de Nikos Kazantzakis. Foi na altura tamanha dose (li os dois seguidos) que fiquei alérgico à personagem. Mas é boa altura de lá chegar, sem bem q conto ainda uns meses para ler a Bíblia toda. É sem dúvida devido.
A Bíblia tem 73 livros.
E coisas "eternas", como o "Cântico dos Cânticos" de Salomão ou o Livro dos Salmos. Para não falar de figuras míticas como David, Sansão, Judite, Dallila, etc. Ler é diferente de estudar e utilizar frequentemente, como fazem os evangélicos. Luther King era um pastor evangélico...
Quanto à ideia de divindade, ela existe desde os primórdios, no paganismo, na Tragédia Grega.
O deus do Antigo Testamento, Jeová, difere do do Novo Testamento. Essa transformasção deveu-se a um tal Cristo, que foi condenado à pena capital, por tentar subverter as velhas tradições religiosas e sociais. A pena capital, que hoje é injecção letal, já foi decapitação, fogueira, enforcamento,fuzilamento, enforcamento e...crucifixação.
Em resumo: os humanos, incluindo os Vaticanos e outras hierarquias sociais e religiosas são uns grandes filhos da puta. Deus tem as costas largas ou como diz a Adília Lopes : "Deus é a nossa mulher a dias".
Cara amiga,
É o Nobel que nos calhou.
Ninguém, além do Comité que o escolheu se pode sentir responsaével de tal efeito.
Uma vez perguntaram à minha muito querida Agustina:
-Então e Saramago?
-É o nosso Nobel e ponto final. Eu escrevo muito melhor que ele.
Abraçop grande,
J.A.
Boa coisa esta de termos um Nobel que, pelo menos, irrita todas as circunstâncias!
Queiram ou não, devemos-lhe essa imensa lição de frontalidade e liberdade: não há tabus, para ele.
Tanto recrimina a Bíblia como o seu partido, o PCP. Tanto irrita judeus e cristãos, quanto ateus.
E está sempre disponivel para debater a sua opinião - e não a opinião que dizem ser a dele.
Em contrapartida, o que tenho ouvido aos seus acusadores são exemplos perfeitos da tal «bíblia dos maus costumes e boçalidade» que Saramago se «atreveu» a referir.
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