(Ramo de rosas enviado pelo meu amigo J. A.)
Retribuo com um poema já publicado em livro, mas que se refere a um "antes".
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ANTES
(história para ler ao deitar)
No princípio não era o verbo
mas o antes. Não-lugar onde
nenhum mantimento
era necessário. Mesmo isso
a que chamam palavras, cadeias
servis de contágio e contagem,
não tinha qualquer serventia.
Era muito antes da cisão
da luz e da treva e
da fábula fatal de qualquer
existência. Muito antes da
invenção maligna de Cronos e
de outros princípios divinos. Muito
antes do negro e do branco,
do bem e do mal, do macho
e da fêmea.
Desnecessários eram,
por inúteis: searas e ceifeiros,
rebanhos e pastores, senhores e servos,
possuidores e coisas possuídas. Antes,
muito antes
do amor, do sangue e da sede, antes
da viagem, antes da subida, antes
do declive. Desde sempre
muito antes da morte.
I. L.
in A Disfunção Lírica, & etc, Lisboa, 2007
domingo, 7 de junho de 2009
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1 comentário:
Vive la rose! Vive la rose!
L.
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