________________________________________
Herberto Helder "libertou-nos" do esplendpr da galáxia Pessoa, com outra espécie de esplendor, de diferente torrencialidade. Mas, a que é preciso fugir para não nos aniquilarmos na "máquina lírica".No livro de ensaios Os Dois Crepúsculos de Joaquim Manuel Magalhães, A Regra do Jogo, 1981, há um célebre texto intitulado "Carta a Herberto Helder", que aborda essa necessária distância. Aliás, só nos fins dos anos 90 é que verdadeiramente a poesia portuguesa (alguma) sai de certos encantamentos e vénias órficas para a "experiência" europeia. E foi JMM, que com o seu mal entendido "voltar ao real", foi presciente, quase idos que já eram surrealismos e experimentalismos.
Também o estatuto e função da crítica literária sofreu modificações. O crítico judicativo já não existe. Critique et Verité de Barthes, livrinho que já tem barbas, explicava bem isso. O crítico será mais, actualmente um leitor especializado, um escritor com a pena suspensa.
E quanto aos leitores de poesia, são realmente poucos. A poesia não é "democrática" (exceptuando redondilhas populares, rimances tradicionais de transmissão oral). Essas eram generosas e ingénuas ilusões, que tínhamos antes do 25 de Abril. Já muita gente o constatou. Exige o domínio de certo número de códigos, para ser entendida convenientemente.É como a Música, que exige Educação Musical desde puto.Democrático é o futebol, "A Verdade da Mentira", "Eu, Carolina" ou uns livrinhos delambidos a falar de paixão e quecas à beira da piscina.
(comemtário enviado a um blogue que publicou um post a propósito de Herberto Helder)
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Está bem e bem opinado - embora eu não tenha encontrado o texto sem pontos nos ii. Aliás, nem me preocupa muito e ainda menos me irrito com essas coisas - já passei para o outro lado de Marte!
Mas eu gosto, e muito, da «máquina lírica» do Herberto!
É como o Camilo: sabem sempre mais uma palavra intempestiva para meu deleite.
Bem sei que o Eça dizia que ele (o Camilo) escrevia camelo com i, etc.
Mas eu, do Eça, só para o rir - como sabe!
E vai um abraço manuelino!
"paixão e quecas à beira da piscina" é uma brilhante definição desses tais livrinhos delambidos. Adorei, I.L.
Fiquei com curiosidade em ler o tal post sobre o Herberto.
Mas eu ando num estranho limbo que me surge sempre com a "rentrée" física e psicologicamente falando. Demoro imenso a meter a 1ª rsrsrsrs, sobretudo passada a primeira metade do meu século. Nada que não passe.
Então voltarei para discorrer um pouco sobre este tema que tanto me interessa também.
Não conhecia o seu blogue.
Fui lendo e já me ia embora até chegar aqui. Acabei por ler duas vezes este "Comentário". Principalmente por constituir uma visão interessante sobre a literatura em geral e sobre a poesia em particular.
Resumindo, vou ter que ler mais textos seus. Acho que vou aprender muito consigo...
Enviar um comentário