quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Para que servem poetas em tempos de indigência?"

Uma das respostas ao célebre dito de Hölderlin, poderá também estar neste conhecido poema do português António Ramos Rosa, nascido a 17 de Outubro de 1924.

Não posso adiar o amor

para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque

na garganta
ainda que o ódio estale

e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese

séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore,
não posso adiar para

outro século a minha

vida
nem o meu amor
nem o meu grito de

libertação
Não posso adiar o coração


In “Viagem Através de Uma Nebulosa”

“Signos” – Lisboa Editora.

3 comentários:

A.S. disse...

Sim!... Não se pode adiar o amor... é tudo tão breve!


Beijo!
AL

samartaime disse...

É caso para dizer «Bons tempos!»

logros disse...

O poema fala em "grito de libertação", logo pode ler-se este Amor enquanto Amor da Liberdade, coisinha que é intemporal...