terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O "nosso" Dickens


Anda-se a falar muito de Charles Dickens, a propósito do duplo centenário do seu nascimento. Como outros autores (as irmãs Brontë, Jane Austen, George Sand, Zola, etc .) povoaram de personagens e enredos inesquecíveis as longas Férias Grandes da nossa pré-adolescência e juventude. Partilhávamos estas absorventes leituras com as longas tardes de praia, nas barracas de lona, listadas, das praias da Foz e de Matosinhos ainda virgens de poluição e petróleos. Havia passagens de Dickens que se liam e reliam. Lembro-me, bastante bem, dos infortúnios de Oliver e David. E do contentamento que experimentávamos quando eles se libertavam das terríveis desditas e gente maquiavélica, no clima sociológico da Revolução Industrial.

Esses clássicos propunham-nos, nas suas narrativas, embora bem arrumadas em termos de temporalidade e espacialidade, o desconforto e os dramas do acto de viver numa sociedade sem previdências, reformas, e tantos outros direitos que hoje se imagina que existem desde o início dos tempos.

O hedonismo parvalhão instalou-se nos objectivos do Ser Humano, com todas as belas consequências que estão à vista. Va-lha-nos, ao menos, a lembrança dos clássicos.

1 comentário:

samartaime disse...

Eu li-os em cadeiras de lona crua derramadas nalguma sombra no tombadilho, quando a espuma do Índico estava mansa.

Vi Oliver e David, em preto e branco e até em mestiço.

E algumas vezes jurei que tinha visto a Moby Dick negra.