segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Florbela Espanca










(Vila Viçosa, 8: dez:1894 - 8: dez:1930, Matosinhos)



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!




2 comentários:

jose albergaria disse...

Não conheço ninguém que tão bem tenha dito sobre o AMOR, deste modo estonteante, inebriante, alucinado.
Há quem tenha dito do comércio amoroso, do erotismo dos corpos, da triteza da finitude, mas como Florbela...ninguém.
Salvé poeta!
JA
PS- Amanhã roubo-lhe o post e as fotos, belíssimas, para as plantar na minha rua.

logros disse...

Ponha também a música.

Quem me arranjou esta versão Sara Tavares/Nubo Guerreiro, foi a Pilantra.


Até breve
I.