segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MUROS

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O dito , era na realidade, dois: Um virado para Oeste e outro para Leste. No meio havia a chamada terra-de-ninguém, com arame farpado e minas.
Muita gente não sabe que Berlim era uma "ilha" isolada no meio da Alemanha Oriental. E era uma cidade sobre ocupação: sector americano, francês, russo (os velhos aliados que derrotaram o nazismo). A parte "russa" era a parte oriental da cidade, onde ficava a Iorre da Televisão (200 metros acima do solo, em Alexander Platz), a Deutsche Opera e o magnífico Museu Pergamon, com reconstituições de pasmar, de frisos do Parténon e demais estatuária palmada da Grécia antiga e de outras civilizações do Próximo e Médio Oriente, pelos exércitos e frotas dos conquistadores modernos.

Evidente que os turistas tinham que obter vistos, apresentar passaporte, trocar os marcos ocidentais pelos da DDR, etc. A "vistoria" era rigorosa. Lembra-me que levava numa das orelhas um brinco de artesanato argentino, que tinha comprado em Kantstrasse, do lado "capitalista" e que a funcionária muito teutónica que estava no guichet do posto de controle, fez um gesto imperativo, para que eu mexesse no brinco, não fosse ocultar entre o dito e o cabelo algum objecto de espionagem.... ou projéctil secreto.
Isto foi em 1986.

Em 9 de Novembro de 1989, devo ter sido dos primeiros portugueses, que receberam a notícia cerca das 21 horas, por um telefonema da minha filha, que frequentava, à época, a Escola Superior de Música, na parte ocidental. Corri à televisão, liguei a rádio,...nada.
Telefonei a uma pessoa amiga, que perguntou ingenuamente:
"E caiu, de que lado?".

3 comentários:

pilantra disse...

Por acaso caíu do lado do meio - não foi Inês?
rsrsrs

pilantra disse...

Já cá estou e mandei-lhe um livro.
Depois falamos sobre o livro.
Beijos

logros disse...

Obrigada Nélinha.. Cá aguardo. Amigos certos, com quem se pode discutir abertamente, tudo, são raros. Está sempre tudo a pensar nos seus "penachos". E depois aquela necessidade atávica de "acarneirar" dá fastio...

Abraço grande

I.