segunda-feira, 13 de abril de 2009

Por amor...

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É sem dúvida quase ofensivo e até sexista o tema do artigo sobre Fernanda Câncio, que consta do 1.º Caderno do último "Expresso".
A sua reconhecida carreira como jornalista e a clarividente forma de radiografar os atrasos, hipocrisias e injustiças sociais, jazem obnubilados pelo "amor"...

Ridículo, se não fosse desprezível e indiciador da capacidade de embuste dos "politicamente correctos", que não pediram "declaração de interesses" aos congeminadores da "carta anónima" e das" fugas de informação".

Um título destes, a saber a ficção "light", adaptar-se-ia a um personagem masculino?

Hoje, ouvi na rádio, que estão em marcha, promovidas pelos governos e organizações sanitárias da África Austral, campanhas pela diminuição das elevadas taxas de HIV. "Um Amor", parece que se chama a Campanha, que pretende combater a poligamia e outros usos legais, que propiciam contágios. que o "rei" (?) da Suazilândia tem 17 mulheres e o próximo Presidente da África do Sul, tem 5...
E depois ainda quem se acredite na eficácia de certas "Declarações UNIVERSAIS"..
Não se pode ser discriminado em função do sexo, mas não se ouve falar de Presidentas ou quejandas com estes haréns de homenzarrada...

7 comentários:

Anónimo disse...

É óbvio q está obnubilada pelo amor, o amor é o obnubilador por excelência! :D

Anónimo disse...

E deixe-me acrescentar que as histórias efectivamente repetem-se, pouco ou nada muda.

Logros disse...

Não faz parte da prática dos bloggers "politicamente correctos" ou "de referência", responder aos anónimos; mas, como felizmente, n«ao sou uma coisa nem outra, vou dizer-lhe, caro ou cara "anonimista":
Há um outro AMOR (que vem do "ethos" grego, como diria o J. A.), que é o AMOR DA VERDADE. Para ele devemos tender, para dormirmos bem à noite, sem soníferos. E isso aprende-se pela educação, pela leitura do que vale a pena, pelo exercício da consciência e da auto-crítica.Que certamente resultam numa boa, meritória e honesta prática profissional. Este AMOR ultrapassa de longe as questões de secreções hormonais e demais consequências semânticas, a que se costuma reduzir a referida palavra.

Anónimo disse...

Lamento discordar mas o AMOR por outra pessoa sobrepõe-se na maioria dos casos a esse AMOR DA VERDADE, tal como o desespero pode acabar com os nossos valores que julgavamos inabaláveis, etc.

jose albergaria disse...

Este Anónimo está, como dizê-lo?, sem provocar nenhuma crispação adicional, a passar ao lado de uma, possível, e interessante discussão.
Desde quando o Amor se posiciona versus Verdade?
O AMOR é, por definição (senão é outra coisa qualquer....) a VERDADE por inteiro nos afectos, nos sentimentos, nas sensações, no erotismo.
No AMOR, quando ele está lá, quando ele chega, só pode haver VERDADE.
O que o Anónimo sugere é, que, por AMOR, se pode faltar á verdade!...
O que a Inês diz, e é a única coisa que importa reter no poste dela é: por AMOR DA VERDADE, sou (é a Fernanda Câncio) e tornei-me jornalista.
Tem alguma coisa, contra esta tese da Inês,
Anónimo,ser sem "rosto" ou BI?
José Albergaria

Victor Oliveira Mateus disse...

Ó Inês, então não é uma blogger de referência?! E "politicamente correcta" tb é... nunca vi aqui nada que não pudesse ser visto...
Bem, adiante... Há uma parte do post, que a mim até me parece a mais importante, que eu gostava de
ter visto aqui discutida, ou seja:
a) que a monogamia de raíz cultu-
ral judaico-cristã é A Relação Amorosa normal e a implementar
(são várias as passagens do Antº
Testamento que falam de poligamia
e outras uniões como a do jovem David); b) que não possa haver amor
em sociedades poligâmicas e poliandricas... pois estas últimas,
se não foram já todos "convertidos"
existem sim. a Badinter fala delas e a invasão do Afeganistão trouxe
à luz do dia uma tribo das montanhas muito interessante (eheh)
Conclusão: o que me pareceu mais
importante no post é a relação
que faz Amor/Monogamia Heterossexu-
al... Parece, diz a Inês, que na
Suazilândia existe poligamia; parece, diz a Badinter, que mais acima existe a Poliandria... Não
sei se estou a colocar bem a
questão. Não há nessas sociedades
espaço para o amor? Já não quero
falar de um caso q conheci em q
ele tinha duas, amava as duas até
q a legítima não aguentou mais...
A matriz ocidental (celtas, etc),
incluindo a americana (tupis,etc),
anterior ao cristianismo, não é
monogâmica. Não tenho respostas para isto!!! Mas às vezes penso q
deviamos respeitar as raízes des-
ses agrupamentos sociais... Francamente não sei!

Logros disse...

Olá Victor!

Obrigada pela visita.
"Politicamente correcta" é uma expressão de uso corrente, um pouco irónica. É normalmente uma opinião tipo "cliché", igual a milhentas, muito grupal e consensual, cheia de aparente "boa consciência".
"De referência", nem pensar; isso são os comentadores políticos, os colunistas da imprensa,scholars, críticos badalados, twiters e por aí fora.

Sobre legitimações culturais, sociais do amor,homo ou hetero,acho que é questão multímoda e não passível de regulamentações teóricas.Só podemos, suponho, discorrer sobre.E não ser reducionistas a ponto de tudo resumirmos ao "pathos" ou a Eros.Há outras dimensões e "departamentos" como o Victor sabe.
Por isso achei vulgar, no sentido algo boçal do termo, o "Por amor" sobre a F. C.

Sobre os usos e costumes sexuais africanos, que escutei na Antena 2, num noticuiário, parece que a questão fulcral era o HIV-Sida. Sabe-se efectivamente, que quantos mais parceiros, maior disseminação da epidemia. Por isso estão a fazer apelos à monogamia.Na África do Sul, segundo a mesma notícia, há o costume de o s irmãos segundos, casarem com a viúva do primogénito. E também o costume dos "papás-doces", que resulta em que miúdas muito novas, sejam "parceiras" (?) de senhores muito mais velhos. Penso, pois, que a questão é de vida ou de morte e não de "moralização" judaico-cristã dos costumes, perante nações com 12% de infectados.

Achei interessante que falasse na poliandria, que foi alumiada pela grande antropóloga cultural,americana, Margaret Mead (1901-1978) num trabalho de campo sobre tribos da Polinésia.

Pessoalmente, estou convencida, que esses costumes civilizacionais que incluem hárens,um indivíduo que detém a possibilidade de "sustentar", em comunhão de mesa e habitação´´vários parceiros,
estão radicados em regimes patriarcais ou matriarcais antiquíssimos e arcaicos, em que era necessário aumentar a natalidade, e a extrema pobreza de uns, sustentava a opulência de poucos.
Uma nova dignidade para as mulheres, infelizmente quase só no Ocidente, com o direito ao trabalho e aos direitos cívicos, foi fulcral para que muitas sujeições se anulassem.
Só uma palavera para o primevo cristianismo - que nada tem a ver com Vaticanos,dogmas de Imaculadas, Inquisições e outros horrores - que no início foi libertador para as mulheres, que seguiam o nazareno, em grande número, pois elas também faziam parte dos "humildes" e párias. Inclusivé, os maridos tinham o direito de as repudiar, quando lhes apetecesse. O nazareno prégou contra isso.

Enfim, por aqui me fico. Isto vai longo.

Abraço
I.


PS- Não vou rever, desculpe alguma gralha.
Quan