segunda-feira, 6 de abril de 2009

Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Ouvi pouco, excertos de uma entrevista, na Antena 1, de Mário Soares, em que a propósito dos poucos progressos dos governos europeus para modificar a injustiça social provocada pelo neo-liberalismo, aludiu a:
"um grande realizador italiano que fez um tal 'gato pardo' ou leopardo onde o conde, grande proprietário, recebeu em casa tropas de Garibaldi".

Evidente que, muito pela rama, se referia a Luchino Visconti e ao seu filme de culto, "Il Gattopardo". Admira, Soares que tem fama de bibliómano, não conhecer o livro de Lampedusa, que deu origem ao filme de Visconti. E sobretudo ter feito aquela confusão sobre o "conde" que outro não era senão o siciliano Príncipe de Salinas, personagem central interpretado na película por Burt Lencaster.

Claro que a Soares, interessava aproveitar a conhecida frase:"é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma"...
Coisa que os políticos profissionais e amadores muito usam praticar, se calhar pressionados por corporações gananciosas e gente comum pouco lúcida.

Uns lapsos bizarros, que não esperava do ex-PR que costuma ser tão bem cotado culturalmente.

7 comentários:

jose albergaria disse...

Sabe, munha cara amiga, Soares sempre cultuou uma "espécie de insustentável leveza da ligeireza".
Fala de tudo e de quase nada com a certeza dos "génios" e dos "ungidos".
Lê muito, mas assimila pouco.
É, no entretanto, um animal político: utiliza aquilo que é necessário,em cada momento, de acordo com o "papel" que a ele próprio se lhe atribuiu, sem se prender com "minudências" ou "pormaiores".
As "gaffes" soaristas são mais que muitas e, reconhecidamente, engraçadas: ninguém lhe leva a mal.
Já uma "gaffe" na boca de Sócrates, ou mesmo de Passos Coelho
são...razão para os trucidarem e diminuirem intelectual e politicamente.
Abraço,
JA

Logros disse...

J. A.,

Muito obrigada pelo seu comentário, que muito apreciei,.
Gostava de comentar no seu blogue, até porque vejo lá temas muito interessantes, como o da "Verdade" /isso existe no singular?) e o da eficácia visual e eleitoral dos cartazes, mais o genial Matisse. Mas, meu caro, com aquela cor de base na caixa de comentários - um castanho Terra de Siena?) muito plástica, eu não pesco nada para teclar. Os seus leitores algo ceguêtas, como eu, não podem comentar. Ponha lá o branquinho na caixa, como estava antes, por Zeus, Buda ou um desses...

Abraço e Boas Pàscoas.


I.

jose albergaria disse...

Caríssima I.L.
Um segredo: nasci na Maia, muito perto de onde morou a Guilhermina Sugia.
Depois, do que pude conhecer, gosto muito, mesmo muito, da sua poesia.
Depois, agrada-me, particularmente, as suas visitas à minha rua.
Como sou incompetente, nestas coisas técnicas, vou pedir ajuda a quem sabe, para resolver as cores dos comentários.
A VERDADE, no singular, vale de um ponto de vista da Ética, do Ethos grego.
A Verdade é, para mim, o meu bordão, ao qual me arrimo sempre, nos pleitos, nas narrativas, nos gostos, nos desgostos, nas incursões.
Quando a tornarmos "plural", vale só, em meu entendimento, para respeitarmos, com humildade, a opinião diversa e assim podermos conversar, dialogar, trocar ideias, opiniões, sentimentos.
Mas que é possível "dizermos" a "verdade" (que é o reverso de mentir,sem pudor, não o contrário de estarmos enganados, ou sem informação bastante para lá chegarmos...)desde que o nosso coração esteja apaziguado, desde que a tolerância e a bondade nos habitem, é possível, então, chegarmos à VERDADE...singular.
Você, com a magia da sua prosódia, com a arte, a mestria e as
competências criticas do manejo da metáfora, alcança a VERDADE, ao modo dos poetas (da Sofia, do andaluz António Machado e, sobretudo, da minha escritora de culto...a Maria Gabriela Llansol).
Abraço e um muito agradável Equinócio,
J.A.

Logros disse...

Caríssimo,
Pois, parece-me que o estado comum do ser humano é "estar enganado" e "não ter informação suficiente". O Conhecimento total, intemporal (essa tal "verdade" maiúscula) é inacessível à transitoriedade da vida. Entendo-a como respeitável aspiração unívoca, para a qual podemos tender , mas que, não excede, creio, o plano ideal ou esperculativo.Isto é o que a vida e algum "honesto estudo" me têm ensinado.
As dicotomias, revelaram-se-me falíveis. Por isso acho curiosas certas divindades hindus e de certa forma certa espiritualidade oriental,que englobam em si o bem e o mal, a criação e a destruição. Mas, quando olhamos para os povos e culturas onde "residem" só encontramos despotismo, trabalho infantil, miséria, a prostituição mais degradante.

Mudando de assunto,muito agradeço as elogiosas palavras que me dirige.Também gosto da sua escrita e da densidade, elrgância e elevação temática que lhe imprime. Se a Net suporta tanto excremento (como tudo neste mundo) que sirva, ao menos, para algumas benfajezas trocas de palavras. Porque já não se aguenta a palermice vazia e requentada de muitos bloggers. E que até têm colunas na imprensa e em revistas "de refer*encia".

Até breve.

Inês

Logros disse...

Corrijo "especulativa".
Ah, esta mania de não rever os comentários antes de postar...

Victor Oliveira Mateus disse...

Não vem a propósito, mas já que estou aqui: a) para um republicano
laico conde ou príncipe deve
ser a mesma coisa; b) quanto ao assimilar pouco... hum! Tenho as minhas dúvidas... Eu acho que a assimilação "ali" é peneirada, a propósito - e já que estamos no
tema do "sangue azul" - alguém me
esclarece se no livro "Portugal
Amordaçado" há referências à filha
(dita) legitimada de D. Carlos?
Eu li o livro há muitos muitos anos
e não me recordo bem... Se se fala lá do assunto (se!), por que não se falou mais? "Isto" sempre me
intrigou, a mim, que tenho sangue vermelho. Ligeireza e leveza ou o
extremo peso de uma memória que não ousa? Bem, justiça seja feita,
leve ou pesada memória é memória
num tempo de grandes esquecimentos...

Victor Oliveira Mateus disse...

Não vem a propósito, mas já que estou aqui: a) para um republicano
laico conde ou príncipe deve
ser a mesma coisa; b) quanto ao assimilar pouco... hum! Tenho as minhas dúvidas... Eu acho que a assimilação "ali" é peneirada, a propósito - e já que estamos no
tema do "sangue azul" - alguém me
esclarece se no livro "Portugal
Amordaçado" há referências à filha
(dita) legitimada de D. Carlos?
Eu li o livro há muitos muitos anos
e não me recordo bem... Se se fala lá do assunto (se!), por que não se falou mais? "Isto" sempre me
intrigou, a mim, que tenho sangue vermelho. Ligeireza e leveza ou o
extremo peso de uma memória que não ousa? Bem, justiça seja feita,
leve ou pesada memória é memória
num tempo de grandes esquecimentos...