______________________________
Não se pode abrir um aparelho de televisão ou rádio, entrar em lojas e centros comerciais, abrir a caixa do correio. "O Natal aos melhoresa preços" persegue-nos.
Até já ouvi uma versão do "Silent Night" com a palavra "Porsche" repetida como letra da música, anunciando o sorteio de um bólide dessa marca, entre os clientes natalícios.
Simplesmente obsceno e ridículo. Então o Bom Jesus, o tal das palhinhas, cuja família se deslocava em jumento, já serve para publicidade de grande cilindrada?
Não sou saudosista de tempos idos, mas a simbologia do tempo e temas de Natal deterioraram-se a tal ponto, que apetece emigrar, nesta época, para sítios onde a historinha de Belém não exista. Nem o vergonhoso mercantilismo hipócrita em que se transformou.
Isto não significa que em séculos passados o fanatismo e as diversas inquisições e oligarquias fossem menos hipócritas. A "bondade" humana (e divina) é um mito.
Era bem melhor se as festividades natalícias se chamassem apenas "Solstício de Inverno", aludindo aos primórdios da Civilização, onde tudo, ainda era possível.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
11 comentários:
Tudo é possível quando nascemos, quando é preciso resolver o código enquanto somos jovens, enquanto nos sentimos fortes (FR).
Isso é uma percepção subjectiva.
Ontem, curiosamente, ouvi o Saramago dizer: "há no mundo gente boa; mas os maus organizam-se melhor"...Citou a Máfia e a Camorra. E também concluiu que as religiões têm servido, cada uma com a sua "verdade", para desunir e perseguir, mais do que para unir.
Nem swmpre concordo com o nosso Nobel. Mas nisto, creio que tem razão.
Esse chavão da "juventude" é um argumento simplório.Os ditos jovens andam demasiado absorvidos com as suas hormonas e a sua inexperiência da vida.
Aliás também se verifica uma considerável taxa de suicídio entre eles, o que se calhar só abona em favor da lucidez dos que desistem do "wonderful world".
C. M.
Não vejo inconveniente em que a juventude se ocupe das suas hormonas e da sua inexperiência de vida. Já fiz o mesmo, conservo muito boas recordações dos meus excessos hormonais e com a minha inexperiência aprendi muito, inclusive a sonhar e a sorrir.
E pegando no sorriso:vejo que o otimismo do Sócrates não conseguiu contagiar a minha querida Inês mas que o péssimismo do Saramago a tocou...
eh eh eh...
(honni soit qui mal y pense!)
Quanto ao comércio natalício, cada um toca o que sabe ao ritmo da sua ganância.
Não penso que seja mais chocante ver o regabofe comercial do que a eterna queixa dos agricultores ou a ineficácia das embarcações piscatórias, ou o trabalho infantil, ou a humilhação dos desempregados como a humilhação de trabalhar toda a vida e no fim andar à esmola.
Talvez, no caso do chinfrim do comércio natalício, ressalte mais o contraste com a piedade e o puro amor famíliar de que «deveríamos» estar imbuídos - segundo o sacrossanto cristianismo.
E isso nos tenha marcado mais do que o consciencializamos.
Acho até interessante que o comércio tenha ajudado tanto a diluir a santidade no consumismo desenfreado a que assistimos - enquanto os bispos serenamente suspiram pela falta de rigor mas se regozijam com o esplendor ocidental do evento! (Ecce Homo!...)
De qualquer modo continuo a pensar que os povos têm os governos, o capitalismo e as religiões que merecem. E para alterar isso, dado que hoje andar à trolha não resolve, só a escola pública pode ser a alavanca. Ainda que a soldo do bombom da mão de obra mais qualificada.
Beijos e bom domingo, Inês!
Carlos e Pilantra,
Nada tenho contra os exercícios "hormonais" e a inexperiência óbvia e inevitável dos mais novos.Até porque gerações como a minha, muito se empenharam para que os pudessem exercer. O que é uma falácia ingénua é a crença de que "a juventude" vai, sucessivamente salvar o mundo. Se assim fosse, o mundo já estaria salvo há muito, pelas "juventudes" sucessivas que vão habitando o Planeta. Não é a fase etária que determina a qualidade e a valia do Ser. Muito pelo contrário.
Quanto ao "mercantilismo" e as caridades natalícias acho de um mau-gosto e truculência hipócrita, esta última para sossego "anual" das boas almas.
A história ou lenda de Belém é muito bela, em qualquer sítio ou língua.E a Música que a celebra, popular ou culta é sempre linda e comovente. Os humanos é que, como sempre transformam tudo em oligarquias, poder despótico, culpa e esclavagismo. Assim sucedeu com Cristo, Buda, Maomé, Confúcio, Krishna, Marx,Lenine, Mao, e outros "educadores dos povos".
Entendo que a "bondade" é um conceito abstracto, pois nada existe no Cosmos que não contenha o seu oposto, nas mais graduáveis variantes. As filosofias (e não as religiões) orientais, ajudam muito nesta reflexão.
Obrigada aos dois.
Abraço
I.
Quis evocar o sentimento de ter a a possibilidade de muitos caminhos enquanto se é jovem ou de trilhar outros pouco percorridos e com isso alargá-los. Os caminhos que percorremos moldam-nos invariavelmente assim como nós mudados os caminhos, às vezes alargamo-os!
Quanto ao Saramago a quem carinhosamente chamo de Tartaruga Genial (viva o dragon ball!), o pior dele é a sua costela espanholesa que incorporou e o fez falar castelhano na Galiza, onde se fala Português. E é muito claro que um livro como o Evangelho segundo JC dá direito um Nobel, q é de facto uma versão mais verosímil de Deus! :D
E mais afirmo q a tradição é precisa, pois dá identidade a uma comunidade, assim é preciso comprar prendas no Natal e até pode ser um exercício com poesia!! Claro q muitas vezes o q é feito por tradição é mal feito e só continua mal por ser tradição, como costume dizer é um faca de dois legumes!
Incógnito (a) "b":
Faca de muitos gumes, sim senhor, a "traditio".
Por ex:
-dar porrada nas amantíssimas esposas.
- ir ao feiticeiro e não ir ao médico branco.
- continuar a prática horrenda das mutilações sexuais nas memimas de 8 e 9 anos (mesmo nos paópss europeus de acolhimento.
- a caça, por recreio.
-as touradas e respectiva criação de animais para a "Fiesta".
E muitos milhões de edecetras.
A "revolutio" deve sempre acompanhar e actualizar a "traditio", senão ainda estávamos na Idade da Pedra.
Corrijo:
"países europeus de acolhimento"
A tradição como transmissão primordial de conhecimento, como sentimento de pertença e família, como refúgio para não ter que pensar muito o q fazer perante uma situação que a tradição já diz como, q apesar desta última já não parecer mt abonatória pode haver situações em que fazer / estar / ser "porque sim" seja a única ou melhor solução.
Mas o que é que lhe diz que agora tudo é melhor do que outrora foi?
(Peço desculpa pelos erros ortográficos do último comentário, mas efectivamente estava há mais de um dia sem dormir.)
Tradição e renovação devem coexistir, assim como a força centifuga e centrípta.
Quanto a certezas estáticas e definitivas, não as tenho, salvo uma: que o meu corpo e o dos meus semelhantes tem prazo. E até as estrelas o têm (em biliões de anos).
Quanto ao "estamos melhor ou pior":não acredito em progressos lineares, mas em ciclos civilizacionais de duraç«ao diversa, com apogeus, retrocessos e declínios, em longitudes várias.
Este assunto é multidisciplinar e daria pano para mangas.
Enviar um comentário