segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Carpe Diem

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Nunca entrou de bom grado
na manhã dos que adormecem
cedo na véspera, nem no tempo da escola
onde decorava poemas de sadios
lavradores tementes aos donos
do céu e da terra. Nunca colheu
o lírico logro da alvorada, esse proveito
da luz, um início cruel que culpa
tudo o que vai acabar ao meio-dia.
Sempre a manhã separou amantes,
confirmou cegueiras, prendeu fugitivos,
escarneceu loucos, cismáticos, tardios...

I. L.

A Enganosa Respiração da Manhã, 2003, Asa Editores

3 comentários:

Anónimo disse...

disfrutemos então do consentido remanso da noite, já que nos espera o logro de uma nova madrugada!

Victor Oliveira Mateus disse...

"Nunca entro de bom grado
na manhã dos que adormecem
cedo na véspera (...)"

Fiquei a olhar...

Detesto a "manhã dos que adormecem", pensei. Manhãs ENGANOSAS, tresandando a breu, que
não deixam RESPIRAR até os mais ousados.( Talvez tenha extrapolado, mas não deve ter sido muito...) Gosto das manhãs-manhãs, as que abrem caminhos (Carpe Diem), as que nos impelem a procurar para lá de todas as conformidades. Gosto das manhãs dos
que se não deixam adormecer... mesmo quando no seu casulo.

isabel mendes ferreira disse...

tenho....e tenho mais....:)


e revisito....na doce e urgente revisitação.