terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ANIMA


A usura da vasta floração
como se houvesse outra natureza
na imersa natureza da batata
púbis, quieto ardor e expansão
revolver a terra mais enterrada
gesticulando em armações do ar
no fundo de si, o corpo fora de si
Pág. 20

Trazem nas asas fios de humidade
estas manchas, crostas do ar espesso
ou lascas da alma ou lixívia entornada
voam de quarto em quarto, devassados
vigiam a janela das meninas
os caminhos de ferro, apitos longe
sombras e sombras respirando nas escadas
Pág. 26

José Manuel Teixeira da Silva
Ilustrações de Ana Abreu
in ANIMA, Lisboa, Edições Língua Morta

Nota: Preciosa edição, de uma editora que nos reconcilia com o modo puro e desindustrializado de tratar a poesia. Belas imagens, belos poemas de um autor que merece ser lido, desde as Súbitas Permanências, Quasi Edições, 2001.

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