segunda-feira, 28 de março de 2011

Sem cicuta (2)

Não sei se a União Europeia, dadas as circunstâncias económicas e sociais da actualidade, se vai transformar, dentro de algum tempo, em mais uma utopia sem perspectivas e sem regresso, igual à do Comunismo. Como se sabe, várias Ideias, que no início eram de uma grande bondade e ética, acabaram por se transformar em aplicações falhadas.
A generosa ideia de Jean Monnet, imaginando uma comunidade de estados europeus onde a civilização Ocidental fosse traço de união bastante, no respeito pelos direitos humanos e demais liberdades, depois da experiência dos dois grandes conflitos bélicos que mataram milhões de seres humanos, é talvez, a breve trecho, mais uma bela utopia, dado o materialismo vesgo, a falta de aceitação da diversidade, a troca mais ou menos comercial, e quantas vezes batoteira, que se pode resumir àquela conhecida frase, "não há almoços grátis". Isto não nos deixa ilusões acerca de altruísmos entre nações.
A nossa hibernação política e social durante o salazarismo é ainda, em minha opinião, uma das causas da nossa falhada visão económica. Esse seminarista, que alguns teóricos e muitos portugueses incultos e desinformados continuam a considerar um grande político, meteu-nos à força na senda do "orgulhosamente sós", e não previu, na sua obnibulada mente padreca, as mudanças que, a curto e a médio prazo, a Europa e o Mundo iam sofrer. Uma adequada autodeterminação das nossas colónias, em devida altura, teria sido uma receita provável para intercâmbios comerciais e culturais, evitando a sangria em haveres e vidas de treze anos de guerra colonial.
Em 1974 regressámos às fronteiras do século XV. Tínhamos, neste escaninho peninsular, de nos virarmos para algum lado. A Europa era o único destino possível.
Assim, parece-me de uma grande ignorância e futilidade, andar a procurar candidatos a primeiro-ministro que terão fatalmente de se entender com a Europa e quem manda nela, entre jotinhas do PSD, ou outras figuras recessas e provincianas do sobredito partido. Quanto a outras formações partidárias, é conhecida a sua aversão e inconformismo acerca dos projectos europeus.  Sócrates é, sem sombra de dúvida, pelas suas qualidades políticas e comunicacionais, provadas à saciedade, o interlocutor português, europeu, que melhor nos representa.

3 comentários:

pilantra disse...

O que eu mais gostava é que essas utopias todas pagassem crises.
E, para mim, mais valia que nós nos tivessemos atirado de novo ao mar do que à peregrina ideia de nos atirarmos «à europa».
Porque, mais depressa chegaremos a nado a qualquer lado do que chegaremos algum dia de avião «à Merkellandia».
A «Europa» é um sitio bonito onde se vai passear, estudar, trabalhar. E depois volta-se à praia que isto aqui é outro clima.
É uma ideia parola essa de querer «ser europeu»: coisas do fascismo, confundiu-se «europa» com «liberdade».
E a crença na bondade da Alemanha - da europa central - só pode ser coisa de crianças.
Somos uma pequena panela de barro, não nos convem a companhia de panelas de ferro na jornada.

Logros disse...

Se não fossem as influências civilizacionais europeias, do século das luzes, dos enciclopedistas, do feminismo e outras revoluções dã mentalidade, desconfio que a panelinha de barro ainda andava de burka, dadas as nossas grandes influências árabes. A Europa trouxe muita coisa boa a este atraso de vida, terra de touradas, machões e católicos hipócritas.
Como disse a Natália Co~rreia, em 1951, "Descobri que era europeia". Pena os salazarentos e outros "entos" não terem descoberto o mesmo nessa altura.
Abraço. Té já.
Inês

pilantra disse...

Burka? Isso era aí por cima. Cá em baixo houve muito judeu.
eh eh eh