terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Edições de 2009 - (Poesia)

_____________
A Prespectiva da Morte:
(20-2) Poetas Portugueses do Século XX

selecção e prefácio de Manuel de Freitas
Assírio & Alvim, Lisboa
________________

O Anel do Poço

Paulo Teixeira
Edit. Caminho, Lisboa
______________________

Os Cantos de Maldoror (Poesias I & II)

Isadore Ducasse (Conde de Lautréamont)
tradução de Manuel de Freitas
Prefácio de Silvina Rodrigues Lopes
Antígona, Lisboa
_______________


Um Circo no Nevoeiro

Renata Correia Botelho
Averno, Lisboa
__________________________

O Viajante sem Sono

José Tolentino Mendonça
Assírio & Alvim, Lisboa

_____________________


Jukebox 1 & 2

Manuel de Freitas
Teatro de Vila Real, Vila Real
__________________

Axis -Mundi
O Jogo de Forças na Lírica Portuguesa Contemporânea
(ensaio)

Nelson de Oliveira
Ateliê Editorial., S. Paulo, Brasil

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Puer natus est nobis

_______________________

Puer natus est nobis




Dos contos de fadas da
minha infância, este da Divina
Criança era dos mais maravilhosos. Não
faltaram os exóticos magos guiados
pela mística estrela, a noite gelada, os
mansos animais, o desvalido ermo, a pobreza
transformada em glória. O bem
sucedido parto de uma virgem, tantos séculos
antes das pesquisas genéticas. O pior
foi quando quiseram contar o Tempo
a partir desta história. Podiam ter escohido
outra, com um fim menos cruel. Antes
a da Cinderela ou a do Príncipe Sapo, onde
todos viveram felizes para sempre. Sempre?
E o que é

Sempre?

I. L.

A Disfunção Lírica, & etc, 2007, Lisboa

sábado, 19 de dezembro de 2009

Novas edições

____________________
Poemas Portugueses
Antologia da Poesia Portuguesa do séc XIII ao séc XXI

Selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage
Prefácio de Vasco Graça Moura
Porto Editora, 2009

Retratos de Álvaro Cunhal
(por vários artistas plásticos e escritores)

Modo de Ler ed. & livreiros e Edições Afrontamento, Porto, 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

A imprevisão do fruir

____________________
«Se leio com prazer esta frase, esta história ou esta palavra, é porque todas foram escritas no prazer (este prazer não entra em contradição com os lamentos do escritor). Mas o contrário? O escrever no prazer garantir-me-á - a mim escritor - o prazer do meu leitor? De modo nenhum. Esse leitor é necessário que eu o procure, (que eu o "engate"). Sem saber onde ele está. Cria-se então um espaço da fruição. Não é a "pessoa" do outro que me é necessária, é o espaço: a possibilidade de uma dialéctica do desejo, de uma imprevisão do fruir: que os dados não estejam lançados, que exista um jogo».

BARTHES, Roland, O Prazer do Texto, ed. 70, Lisboa, 1980, p. 37

Edição original: Le Plaisir du Texte, Éditions du Seuil, Paris, 1973

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Texto-tagarela"?

_______________
Há dias, relendo Barthes, no seu "O Prazer do Texto", reencontrei a definição ajustada para certas "escrevências" (outra definição barthesiana), com que, às vezes nos deparamos, nas livrarias, nos suplementos cultuirais e nos blogues; pequenos intimismos familiaes pacóvios, ou ainda mais pacóvios e mesquinhos incidentes de trabalho ou de cama, alinhavados com "boutades" de pechisbeque e topónimos ou antropónimos reconhecíveis, para dar uma ideia de actualidade e de novo.
Velho esquema, que nem nos dá o prazer do reencontro com os topos culturais, nem a fruição sobressaltada do inusual, do que sendo fora-de-si, será também fora-de-nós.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Florbela Espanca










(Vila Viçosa, 8: dez:1894 - 8: dez:1930, Matosinhos)



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!




quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Schiller/Beethoven

________________
Ludwig van Beethoven estava quase totalmente surdo quando compôs a sua nona sinfonia.
A Philharmonic Society of London ("Sociedade Filarmônica de Londres"), atual Royal Philharmonic Society (Sociedade Filarmônica Real"), comissionou originalmente a obra, em 1817. Beethoven começou a trabalhar nela no ano seguinte, e a terminou no início de 1824, doze anos depois de sua sinfonia anterior. Seu interesse pela Ode à Alegria, no entanto, se iniciou com suas inúmeras tentativas de musicar o poema, ocorridas desde 1793.
O tema do scherzo pode ter suas origens traçadas a uma fuga escrita em 1815. A introdução para a parte vocal da sinfonia causou diversas dificuldades para Beethoven. Foi a primeira vez que se tentava utilizar um componente vocal numa sinfonia. Anton Schindler, célebre amigo de Beethoven, disse posteriormente: "Quando ele começou a trabalhar no quarto movimento, a batalha recomeçou, mais intensa do que nunca. Sua meta era a de encontrar uma maneira apropriada de introduzir a ode de Schiller. Um dia ele [Beethoven] entrou na sala gritando: 'Consegui, consegui!' E então me mostrou um caderno com as palavras cantemos a ode do imortal Schiller'". No entanto, esta introdução acabou nunca chegando à obra final, e Beethoven ainda passou muito tempo reescrevendo aquela parte até que ela atingisse a forma conhecida atualmente.

Beethoven estava ansioso para ver sua obra executada em Berlim o mais rápido possível, após terminá-la. Acreditava que o gosto musical de Viena estivesse dominado por compositores italianos como Gioacchino Rossini. Quando seus amigos e patronos ouviram isso, insistiram para que ele estreiasse a sinfonia em Viena.
A Nona Sinfonia foi executada pela primeira vez no dia 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, juntamente com a abertura Die Weihe des Hauses ("A Consagração da Casa") e as primeiras três partes da Missa Solene. Esta era a primeira aparição do compositor sobre um palco em doze anos; a casa estava cheia. As partes para soprano e contralto da sinfonia foram executadas por duas jovens e famosas cantoras da época, Henriette Sontag e Caroline Unger.
Embora a performance tenha sido regida oficialmente por Michael Umlauf, mestre de capela do teatro, Beethoven dividiu o palco com ele. Dois anos antes, Umlauf havia presenciado a tentativa do compositor de reger um ensaio de sua ópera, Fidelio, que terminou em desastre, e desta vez pediu aos cantores e músicos que ignorassem Beethoven, então já totalmente surdo. No início de cada parte, Beethoven, sentado ao palco, dava indicações de tempo, virando as páginas de sua partitura e dando marcações à uma orquestra que não podia ouvir. O violista Josef Böhm escreveu: "O próprio Beethoven regeu a peça; isto é, ele ficou diante do atril e gesticulou furiosamente. Em certos momentos se erguia, noutros se encolhia no solo, e se movimentava como se quisesse tocar ele mesmo todos os instrumentos e cantar por todo o coro. Todos os músicos não prestaram atenção ao seu ritmo enquanto tocavam."
Alguns relatos de testemunhas sugerem que a execução da sinfonia na noite de estréia teria sido pouco apurada, devido ao pouco número de ensaios que haviam sido realizados (apenas dois com a orquestra inteira). Por outro lado, foi um grande sucesso. Enquanto a platéia aplaudia - os testemunhos não deixam claro se isto teria ocorrido no final do scherzo ou da sinfonia - Beethoven, que, em sua "regência", ainda estava atrasado em diversos compassos em relação à música que havia acabado de ser executada, continuava a reger, acompanhando a partitura. Então, a contralto Caroline Unger teria ido a ele e o virado em direção ao público, para aceitar suas exortações e aplausos. De acordo com um dos presentes, "o público recebeu o herói musical com o mais absoluto respeito e simpatia, e ouviu às suas criações maravilhosas, gigantescas, com a mais concentrada das atenções, irrompendo em jubilantes aplausos, frequentemente durante os movimentos, e, repetidamente, ao fim de cada um." Toda a platéia o aplaudiu de pé por cinco diversas vezes; lenços foram erguidos ao ar, assim como chapéus e mãos, para que Beethoven, que não podia ouvir o aplauso, pudesse ao menos vê-lo. Beethoven deixou o concerto extremamente comovido.


Estrutura

A sinfonia está estruturada em quatro movimentos, marcados como:
Allegro ma non troppo, un poco maestoso
Scherzo: Molto vivace - Presto
Adagio molto e cantabile - Andante Moderato - Tempo I - Andante Moderato - Adagio - Lo Stesso Tempo
Recitativo: (Presto – Allegro ma non troppo – Vivace – Adagio cantabile – Allegro assai – Presto: O Freunde) – Allegro assai: Freude, schöner Götterfunken – Alla marcia – Allegro assai vivace: Froh, wie seine Sonnen – Andante maestoso: Seid umschlungen, Millionen! – Adagio ma non troppo, ma divoto: Ihr, stürzt nieder – Allegro energico, sempre ben marcato: (Freude, schöner Götterfunken – Seid umschlungen, Millionen!) – Allegro ma non tanto: Freude, Tochter aus Elysium! – Prestissimo: Seid umschlungen, Millionen!
Beethoven mudou o padrão costumeiro das sinfonias clássicas, ao colocar o scherzo antes do movimento lento. Esta foi a primeira vez que ele fez isso numa sinfonia, embora tivesse feito o mesmo em outros tipos de composições, como os quartetos op. 18 números 4 e 5, o trio para piano "Arquiduque" op. 97, e a sonata para piano op. 106 "Hammerklavier").


"Ode à Alegria" de Friedrich Schiller, em alemão
(segundo o manuscrito de Beethoven)

Baixo

O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!

Baixo. Quarteto e coro

Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer's nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.

Tenor e coro

Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt'gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.

Coro
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über'm Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such' ihn über'm Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.
_______________

(tradução em português)

Baixo

Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!

Baixo. Quarteto e coro

Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!

Tenor e coro

Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.

Coro

Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!

(extraído da Wikipédia)