segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bestas-feras

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Uma besta-fera em versão masculina, assassimou a mulher, dentro da ambulância que a ia transportar, já sovada e ferida ao hospital da Figueira da Foz, acabando por assassinar mais um soldado da GNR e ferir outro. Foi em Montemor-o-Velho, PORTUGAL, Europa, quase em 2010! Não estamos no Afeganistão, no Paquistão e noutros sítios de "sharia" e "fatwas".

Para quando a PRISÂO PERPÉTUA para estes psicopatas perigosos?

Não há "casas -abrigo" nem campanhas contra a violência doméstica, que erradiquem esta selvajaria sanguinolenta, se não houver penas severíssimas para estes assassinos brutais.
Com as penas reduzidas a metade, por "bom comportamento", estes malvados, indignos de existir, safam-se ao fim de meia dúzia de anos.


Adenda: A filha do assassino e da falecida, de 5 anos de idade, também ficou ferida, pois acompanhava a mãe, na ambulância.
(Notícia do Telejornal da RTP-1, às 20 horas de hoje).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

FELINUS

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A Maria Tobias era preta
e branca. Na parte branca era
Tobias e era Maria na preta. Morou
connosco cinco anos. No sexto, numa
quinta-feira santa pôs-se a dormir
depois de um longo jejum. Ficaram-nos
nas mãos festas desabitadas e os poucos
haveres: uma malga, uma manta, um bebedouro,
que não logramos enviar
para a nova morada.


I. L.
2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Parábola das "escutas" com vernáculo

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Sim, já sabemos que não contêm qualquer ilícito criminal, as suas conversas privadas, ao telemóvel, durante 6 meses, indevidamente espiadas. Mas, já agora é de grande interesse nacional e patriótico saber se chamou puta a alguém, ou mandou alguém para o caralho.



Nota: Depois de ver o Programa "Prós & Contras", lembrei-me dos Juízes dos Tribunais Plenários e dos "crimes contra a segurança do Estado".
Gente sinistra.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Morte de Franz Schubert a 19 de Novembro de 1828, em Viena, aos 31 anos de idade

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DAS LIED IM GRÜNEN



Amava naquele Lied uma infância
de peixes brilhantes, quedas de água,
incomparáveis prados, poldros
de olhos meigos, o jardim de Inverno
para as confidências e as pequenas
traições. A grande biblioteca
com bafo de capela. O mistério
oculto no vestuário dos homens e
nas lágrimas das mulheres. O dorso
do pai levando-a adormecida
para o leito, no quarto ermo
povoado de infindáveis, a lassidão
melódica feria um corpo
demasiado escasso
para a morte.

in Um Quarto com Cidades ao Fundo, Quasi, 2000
I. L.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Excertos desconhecidos

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Não faço versos por vaidade literária. Faço-os pela mesma razão por que o pinheiro faz resina, a pereira, peras e a macieira, maçãs: é uma simples fatalidade orgânica.

Guerra Junqueiro

(in prefácio à 2.ª edição de "A Velhice do Padre Eterno")

sábado, 14 de novembro de 2009

Furunculose

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Será que alguém, honestamente acredita, que espremer o grande furúnculo da atávica e colectiva trafulhice nacional, pela cabeça de Sócrates, melhora o país?
Saímos de 3 eleições e andam a brincar aos procuradores, aos repórteres justicialistas e às certidões da sucata?
Chega de farisaísmo e cretinice!!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MUROS

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O dito , era na realidade, dois: Um virado para Oeste e outro para Leste. No meio havia a chamada terra-de-ninguém, com arame farpado e minas.
Muita gente não sabe que Berlim era uma "ilha" isolada no meio da Alemanha Oriental. E era uma cidade sobre ocupação: sector americano, francês, russo (os velhos aliados que derrotaram o nazismo). A parte "russa" era a parte oriental da cidade, onde ficava a Iorre da Televisão (200 metros acima do solo, em Alexander Platz), a Deutsche Opera e o magnífico Museu Pergamon, com reconstituições de pasmar, de frisos do Parténon e demais estatuária palmada da Grécia antiga e de outras civilizações do Próximo e Médio Oriente, pelos exércitos e frotas dos conquistadores modernos.

Evidente que os turistas tinham que obter vistos, apresentar passaporte, trocar os marcos ocidentais pelos da DDR, etc. A "vistoria" era rigorosa. Lembra-me que levava numa das orelhas um brinco de artesanato argentino, que tinha comprado em Kantstrasse, do lado "capitalista" e que a funcionária muito teutónica que estava no guichet do posto de controle, fez um gesto imperativo, para que eu mexesse no brinco, não fosse ocultar entre o dito e o cabelo algum objecto de espionagem.... ou projéctil secreto.
Isto foi em 1986.

Em 9 de Novembro de 1989, devo ter sido dos primeiros portugueses, que receberam a notícia cerca das 21 horas, por um telefonema da minha filha, que frequentava, à época, a Escola Superior de Música, na parte ocidental. Corri à televisão, liguei a rádio,...nada.
Telefonei a uma pessoa amiga, que perguntou ingenuamente:
"E caiu, de que lado?".

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Scorpius

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Hoje, 6 de Novembro, fazia anos Sophia de Mello Breyner Anddresen (1919).
Faz anos Mário Cláudio (1941).
Ambos nascidos no Porto.


TRADUZIDO DE KLEIST



Dizem que no outro mundo o sol é mais brilhante
E brilha sobre campos mais floridos
Mas os olhos que vêem essas maravilhas
São olhos apodrecidos

S. de M. B. A.
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CASTELO DO QUEIJO


No labirinto de ferros amolgados,
o submarino repousa,
ao largo do
Castelo do Queijo.

Gira um goraz de pinta,
sobre
a cruz gamada que
o atrito das areias apagou.

E quanto à secreta carga de lingotes de oiro,
duas caveiras aguardam,
de aberta queixada,
no heil derradeiro.

M. C.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Jorge de Sena (2/11/1919 - 4/6/1978)

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CAMÕES DIRIGE-SE AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS


Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
de que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada:nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores, no túmulo.


Jorge de Sena