15 Poetas Contemporâneos
Organização e prefácio de António Carlos Cortez
Ed. Caleidoscópio, 2018
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
terça-feira, 26 de junho de 2018
MIRCEA CARTARESCU *
(...)
'Qual é o objecto mais valioso do mundo?', perguntam a um mestre zen. 'Um gato morto - responde ele - pois ninguém lhe poderá dar um preço'. A poesia é o gato morto no mundo de consumismo, hedonista e mediático, em que vivemos. Não se pode imaginar uma presença mais ausente, uma grandeza mais humilde, um terror mais doce. Ninguém lhe pode pôr um preço e, contudo, não existe nada mais valioso. Só a encontramos nas livrarias se temos a paciência de chegar às últimas filas das prateleiras. (Cartarescu, Mircea. El ojo castaño de nuestro amor)
Mas a poesia é muito mais do que livros abandonados em estantes recônditas, é um verdadeiro sentido. Mais à frente, Cartarescu desenvolve essa mesma ideia: "No entanto, humilhada e dissolvida no tecido social, quase desaparecida como profissão e como arte, a poesia continua a ser omnipresente e ubíqua como o ar que nos envolve. Pois antes de ser uma fórmula e técnica literária, a poesia é um modo de vida é uma maneira de olhar o mundo."
in PARALAXE, Afonso Cruz, JL de 20 de Junho de 2018
*Poeta, ficcionista e ensaísta romeno (Bucareste, 1956)
*Poeta, ficcionista e ensaísta romeno (Bucareste, 1956)
quinta-feira, 26 de abril de 2018
DIA MUNDIAL DO LIVRO
OS LIVROS
Os livros duram séculos e...
falam da melodia da chuva,
dos rios e dos mares, das fontes,
dos húmidos beijos dos
amantes, mas também
Os livros duram séculos e...
falam da melodia da chuva,
dos rios e dos mares, das fontes,
dos húmidos beijos dos
amantes, mas também
morrem despedaçados num
qualquer temporal que parte
as vidraças e lhes tolhe as páginas
numa brutal invasão líquida.
E falam do fogo
das paixões, de estrelas
a arder no infinito,
mas o convívio das chamas
é-lhes vedado, apesar
da torpe ignorância
a isso os ter condenado
tantas vezes.
Quantos naufrágios e incêndios
os destruiram, para depois
ressurgirem múltiplos,
audazes amigos tão antigos e
tão novos.
I.L.
in "Coisas Que Nunca", & etc, Lisboa 2010
qualquer temporal que parte
as vidraças e lhes tolhe as páginas
numa brutal invasão líquida.
E falam do fogo
das paixões, de estrelas
a arder no infinito,
mas o convívio das chamas
é-lhes vedado, apesar
da torpe ignorância
a isso os ter condenado
tantas vezes.
Quantos naufrágios e incêndios
os destruiram, para depois
ressurgirem múltiplos,
audazes amigos tão antigos e
tão novos.
I.L.
in "Coisas Que Nunca", & etc, Lisboa 2010
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
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