Um pouco distraída da actualidade tuga, para não entrar em constatações deprimentes, apetece-me, hoje alumiar (ou escurecer) alguns episódios semi-burlescos da semana passada. Começarei pelo caricato português do Prof. Cavaco, com os seus "cidadões", que até nem resistiu a bisar na mesma frase. Ainda a mesma personagem resolveu convocar a mãe de Cristo para assuntos de traficância e agiotagem financeira, com a evocação de uma deliciosa cena doméstica digna dos velhos livros da Instrução Primária do Estado Novo.
Outro assunto da semana ou mais concretamente de domingo, foram as excitações futebolísticas. Claro que eu até acho graça às vitórias do F.C.P. perante a estultícia e o convencimento do clube da capital do império. Acho menos graça aos 4 milhões que esse mesmo clube paga, ao que dizem, ao seu treinador, que pelos vistos até nem ganha taças nem campeonatos. Quanto ao jogo ou à indústria que tanto ocupa e faz vibrar tanta gente, temos que nos render ao facto de que faz parte do nosso mundo. Mas, acaba por ser uma cena primitiva e atávica, que muitas vezes despoleta os piores instintos nos seres humanos e fazer meia dúzia de tipos, no mundo, ganhar quantias obscenas. No joguinho, lá está a arena verde, as massas ululantes a reclamar identidades, cores e pertenças, lá está uma catrefada de violadores das redes, enquanto outros potenciais violadores da baliza do "inimigo" defendem a própria, apesar de lesões, punições e insultos. Lá está um juíz, que apesar dos avanços tecnológicos continua a "julgar" a olho nu, para que assim o erro e caganeira humana, que quase sempre tráz cifrões na ponta, possam continuar a entreter a turba. Por tudo isto este é um grande "desporto" de massas...
Parece mesmo que a única coisa ética e humanamente válida desta semana, foi a aprovação no nosso desclassificado Parlamento de uma lei que procura fazer justiça a gente de bem.