segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A árvore de Natal tardia

Aquele canto do corredor continuava ornamentado com o pinheiro artificial, as bolas douradas, os sininhos mais a cena pastoril do estábulo de há dois mil anos. Merda de Festas, que têm de começar pelos adereços e não por uma vontade de comemorar seja o que for. Não era a  primeira vez que chegava ao Carnaval sem desarmar a tenda dos enfeites natalícios.  Arlindo já tinha pensado, várias vezes, em anos anteriores, porque raio não se podia fazer o Natal de quatro em quatro anos como os Jogos olímpicos ou os anos bissextos. Era um descanso para tanta gente e tornaria o evento desejado e não um cumprimento de rituais penosos, que se têm de transmitir às gerações mais novas para poderem acompanhar o rebanho. É certo que quando os miúdos nasceram e havia um choro de recém-nascido em casa, pelo Natal, vinha à cabeça uma espécie de quebranto e de amolecimento, como quando somos pequenos e alguém nos entoa uma canção para adormecer e esconder o mundo cheio de repressões e aprendizagens estúpidas que nos aguarda no dia seguinte. Assim rememorando, Arlindo voltou à cozinha, tirou uma mini do frigorífico e ligou a televisão para ouvir o telejornal e adormecer na cadeira perante as crises e cataclismos globais.

Inês Lourenço

in  ephemeras

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Bach - Magnificat, Es-dur, BWV 243a (First Version, 1723)


Johann Sebastian Bach (1685~1750) Magnificat, Es-dur, BWV 243a (First Version, 1723) Amsterdam Baroque Orchestra & Choir.   Ton Koopman (conductor)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Manuel de Freitas

INVENTÁRIO PLEBEU

                     
        para o José Miguel Silva

A verdade, digam lá o que disserem,
é que tivemos muito pouca sorte
com os poetas (?) nossos contemporâneos.

Um nasceu em Galveias e tatua-se
ou alfineta-se para disfarçar um vazio evidente;
outro gosta de andar nu em Braga,
muito depois - e aquém - de qualquer Pacheco.
(Ignoram, ambos, que a única pila maior
do que o mundo era a do João César Monteiro.)

Um terceiro, cujo nome nunca escreverei,
é a mulher moderna da edição
às cegas e da sacanice quotidiana. O quarto
e o quinto (gabo quem os logra distinguir)
arrotam melancolia e não admitem
o mínimo desvio à sacrossanta transfiguração da lírica.

 O sexto - não, não me apetece falar aqui do sexto.

Consola-nos, isso sim, saber que uns se tornaram
entretanto romancistas (pilim,pilim), e que os restantes
hão-de ser, muito em breve, ministros
ou somente pulhas (é, no fundo, a mesma coisa).

Enquanto, de esgoto em esgoto,
Portugal progride a olhos vistos
e é bem capaz de levar, um dia destes,
com outro Nobel nas trombas.


in CÓLOFON, Manuel de Freitas, pág.27, FAHRENHEIT 451, Lisboa 2012.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fernando Lopes-Graça (17 DEZ 1906 - 1994)

Fernando Lopes-Graça, «Duas canções»

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Manoel de Oliveira (Porto, Cedofeita, 11 de Dezembro de 1908)

1942 - aniki bobó



«Aniki-Bóbó» estreou a 18 de Dezembro de 1942 no cinema Eden, Lisboa. Intérpretes: Nascimento Fernandes - Lojista; Fernanda Matos - Teresinha; Horácio Silva - Carlitos; António Santos - Eduardinho; António Pereira - Batatinhas; Vital dos Santos - Professor; António Morais Soares - Pistarim; Feliciano David - Pompeu; Realização - Manoel de Oliveira.

2012 – O Gebo e a Sombra (Trailer)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012