quinta-feira, 31 de março de 2011

Ângelo de Sousa

Ângelo César Cardoso de Sousa (Maputo, Moçambique, 2 de Fevereiro de 1938 - Porto, 29 de março de 2011) foi um artista escultor, pintor, pedagogo e desenhador português. Conhecido por experimentar continuamente novas técnicas nas suas obras, foi visto como um estudioso da cor e da luz que explorou o minimalismo de uma forma radical.


Apesar de ter nascido na então Lourenço Marques, Ângelo de Sousa mudou-se para o Porto em 1955 matriculando-se na Escola de Belas-Artes, onde se licenciou em pintura com a nota máxima de 20 valores, o que o levou a fazer parte, com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues, do grupo denominado «Os Quatro Vintes».

Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council na State School of Art e na Saint Martin's School of Art, em Londres, em 1967 e 1968.

Ângelo de Sousa tem vivido e trabalhado na cidade do Porto, onde foi professor da Escola Superior de Belas-Artes, hoje Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, entre 1962 e 2000, quando se jubilou como professor catedrático.

Após a sua primeira exposição individual em 1959, no Porto, a sua obra tem corrido mundo, apresentada em mostras individuais e colectivas.

Em 1975 foi galardoado com o Prémio Internacional da 13.ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo e em 2007 a Fundação Calouste Gulbenkian agraciou-o com o primeiro Prémio Gulbenkian na categoria Arte.

Desenhos seus ilustram livros de Eugénio de Andrade, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Fiama Hasse Pais Brandão, entre muitos outros.

Morreu em casa, após prolongada doença cancerígena, em 29 de março de 2011.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sem cicuta (2)

Não sei se a União Europeia, dadas as circunstâncias económicas e sociais da actualidade, se vai transformar, dentro de algum tempo, em mais uma utopia sem perspectivas e sem regresso, igual à do Comunismo. Como se sabe, várias Ideias, que no início eram de uma grande bondade e ética, acabaram por se transformar em aplicações falhadas.
A generosa ideia de Jean Monnet, imaginando uma comunidade de estados europeus onde a civilização Ocidental fosse traço de união bastante, no respeito pelos direitos humanos e demais liberdades, depois da experiência dos dois grandes conflitos bélicos que mataram milhões de seres humanos, é talvez, a breve trecho, mais uma bela utopia, dado o materialismo vesgo, a falta de aceitação da diversidade, a troca mais ou menos comercial, e quantas vezes batoteira, que se pode resumir àquela conhecida frase, "não há almoços grátis". Isto não nos deixa ilusões acerca de altruísmos entre nações.
A nossa hibernação política e social durante o salazarismo é ainda, em minha opinião, uma das causas da nossa falhada visão económica. Esse seminarista, que alguns teóricos e muitos portugueses incultos e desinformados continuam a considerar um grande político, meteu-nos à força na senda do "orgulhosamente sós", e não previu, na sua obnibulada mente padreca, as mudanças que, a curto e a médio prazo, a Europa e o Mundo iam sofrer. Uma adequada autodeterminação das nossas colónias, em devida altura, teria sido uma receita provável para intercâmbios comerciais e culturais, evitando a sangria em haveres e vidas de treze anos de guerra colonial.
Em 1974 regressámos às fronteiras do século XV. Tínhamos, neste escaninho peninsular, de nos virarmos para algum lado. A Europa era o único destino possível.
Assim, parece-me de uma grande ignorância e futilidade, andar a procurar candidatos a primeiro-ministro que terão fatalmente de se entender com a Europa e quem manda nela, entre jotinhas do PSD, ou outras figuras recessas e provincianas do sobredito partido. Quanto a outras formações partidárias, é conhecida a sua aversão e inconformismo acerca dos projectos europeus.  Sócrates é, sem sombra de dúvida, pelas suas qualidades políticas e comunicacionais, provadas à saciedade, o interlocutor português, europeu, que melhor nos representa.

A Poesia em 2010

Adília Lopes, Alberto de Lacerda, António Barahona, António Ladeira, António Manuel Couto Viana, Armando Silva Carvalho, Cláudio Lima, Cristovam Pavia, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, David Teles Pereira, Diogo Vaz Pinto, Frederico Lourenço, Gastão Cruz, Golgona Anghel, Hélder Moura Pereira, Inês Lourenço, Jaime Rocha, João Moita, José Amaro Dionísio, José António Almeida, José Miguel Silva, Luís Filipe Parrado, Luís Pedroso, Luís Quintais, Manuel de Freitas, Margarida Vale de Gato, Maria Andresen, Maria Sousa, Miguel Martins, Miguel-Manso, Nuno Júdice, Patrícia Baltazar, Paulo da Costa Domingos, Paulo Tavares, Pedro Tamen, Renata Correia Botelho, Rui Caeiro, Rui Cóias, Rui Miguel Ribeiro, Rui Nunes, Teresa Jardim, Théodore Fraenckel, Tiago Araújo e Vítor Nogueira

sexta-feira, 25 de março de 2011

Sem cicuta


Miguel Esteves Cardoso, Então adeus e até já, hoje no Público. Excertos finais, sublinhados meus:


«[...] Entretanto, José Sócrates demitiu-se mas continua vivo e há-de aproveitar o descanso que aí vem, muito bem-vindo, para recuperar a liberdade pessoal e política que perdeu. Com a demissão dele (de quem eu gosto e sempre gostei), posso eu bem. Ninguém pode é acusá-lo de querer baldar-se quando o exercício do poder, seja quem for que o exerça, não convém.


Sócrates tem absorvido e concentrado o ódio e o desvio nominalista que acha que a política é, tal como nas revistas cor-de-rosa, uma questão de nomes e de caras. Foi um primeiro-ministro corajoso e inteligente. Achar que Sócrates é culpado — e que removê-lo chega para nos poupar — é uma estupidez de todos os tempos.»

in  da literatura

quinta-feira, 24 de março de 2011

Elizabeth Taylor

Quem tem medo de Cleópatra, a de olhos cor de violeta? Quem tem medo da jovem herdeira dos poços petrolíferos que The Giant amou? Quem tem medo da bela judia de Ivanhoe? Quem tem medo da Gata em Telhado de Zinco Quente, prisioneira dos embustes familiares? Desde os dez anos, feita starlet dos sonhos de Hollywood, com o seu cabelo negro ondeado, a sua pele de um brilho claro, a sua voz sinuosa, as suas curvas de mulher perfeita, de antes da Era Anorética? Ela, com as suas valiosas jóias, os seus amantes, os seus inúmeros filmes, estende a mão, não do seu banho de leite, mas da sua cadeira de rodas, para que a serpente mortal a reconduza à beleza dos inícios.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis  POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis     POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS    poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS    poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis   POIESIS   poiesis   Poiesis    POIESIS


 «[poiesis é] a actividade de criar ou de fazer; produção artística.» (Dagobert D. Runes, Dicionário de Filosofia, Lisboa, Editorial Presença, 1990.)

REESCRITA

Fender os versos
com a lâmina implacável do
tempo. No umbigo do poema cravar
o sabre rente às vísceras dos verbos,
à linfa de adjectivos. Despedaçar
os músculos dos sentidos. Abrir
a rede viária do sangue. Romper
a velha epiderme.

- Inês Lourenço, Coisas que nunca, &Etc., Lisboa 2010

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma tragédia maior do que as outras

Já é noite em Fukushima mas as operações continuam. Seis camiões-cisterna das Forças de Autodefesa (as Forças Armadas do Japão) usados no combate a incêndios estão a lançar água sobre o edifício dos reactores, avança a agência de notícias japonesa Kyodo.

Pouco antes, um camião da polícia nacional, com um canhão de água, ainda tentou arrefecer o edifício do reactor 3, mas a operação não teve sucesso, informou a estação de televisão NHK. Os jactos de água, com alta pressão, não conseguiram atingir o reactor por que os agentes da polícia não puderam aproximar-se o suficiente, devido à radiação elevada. Por isso, a equipa policial foi retirada para uma zona de segurança.
A operação das Forças de Autodefesa, no entanto, terá alcançado o edifício do reactor 3. Mas o Ministério da Defesa não confirmou se os jactos de água conseguiram atingir a piscina que armazena o combustível usado do reactor, adiantou a estação de televisão NHK. A operação deverá ser repetida na sexta-feira, caso isso seja solicitado pelo Governo.
Segundo explica a AFP, ao contrário do que acontece com os camiões da polícia, os camiões das Forças de Autodefesa podem lançar água sobre o alvo pretendido sem que os soldados tenham de sair do veículo.

Teme-se uma fuga de radiação nos reactores 3 e 4, onde as temperaturas têm aumentado.

Ao mesmo tempo, os engenheiros trabalham contra-relógio para tentar restaurar a electricidade na central nuclear, para que o sistema de arrefecimento de Fukushima 1 - parado desde sexta-feira - possa recomeçar a funcionar.
De manhã, dois helicópteros CH-47 lançaram toneladas de água do mar sobre os edifícios dos reactores 3 e 4, depois de um outro helicóptero ter medido os níveis de radiação na atmosfera. Ontem, um helicóptero não tinha conseguido lançar água sobre o reactor 3, devido aos níveis de radioactividade sobre a central.
Os sistemas de arrefecimento de ambos os reactores não estão a funcionar, temendo-se que possa ser lançado material radioactivo em grandes quantidades para a atmosfera.
As autoridades ainda não conseguiram saber se as operações tiveram sucesso. "Analisaremos com atenção a evolução dos acontecimentos", indicou apenas o porta-voz do Governo, Yukio Edano.
Ontem, o Instituto francês de segurança nuclear (IRSN) considerou que as próximas 48 horas serão cruciais.

Níveis de radiação aumentaram

O nível de radiação aumentou no exterior do complexo da central de Fukushima 1 depois de os camiões-cisterna das Forças de Autodefesa terem começado a lançar água sobre o edifício do reactor 3, informou a empresa Tokyo Electric Power (Tepco), em comunicado. "Medimos os materiais radioactivos no perímetro da área da central nuclear, no exterior, e confirmámos que os níveis de radioactividade desses materiais está a aumentar mais do que o normal", escreve a empresa.
O nível de radiação na central aumentou de 3,700 para 4,000 microsievert por hora. Dentro do edifício à prova de sismo onde se encontram os funcionários da central pode ter subido para os 3,000 microsievert por hora. Por comparação pode-se dizer que 1,000 microsievert, ou 1 milisievert, é o nível de radiação a que as pessoas podem ser expostas, em segurança, num ano.
Segundo as Forças de Autodefesa, os dez agentes que seguiram nos helicópteros que lançaram a água sobre os reactores não sofreram problemas de saúde, com menos de 60 milisievert de radiação depois da descontaminação. Numa missão de emergência podem ser expostos a 100 milisievert.
Segundo a AFP, dez mil pessoas da província de Fukushima serão submetidas a testes de radioactividade, por precaução, em 26 centros.
(Fonte: Público.pt)

Nota: Perante isto, a opereta bufa dos que andam com sede ao pote, cá na Tugalândia, é um episódio ridículo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O tiro pela culatra outra vez

Está próximo o desígnio e o persistente trabalho dos partidos da esquerda convencional nos últimos anos. A chegada "ao pote" do PSD, está próxima, para mal de todos nós.
A um corpo alquebrado, tudo lhe sucede. Não basta a especulação criminosa e indecente dos ditos mercados, essa agiotagem sem rosto, mas também vamos ter de levar com uma paróquia de gente mesquinha, sem vocação cultural europeia, sem competência, sem espinha dorsal, que entredevora líderes e apela a juízos vesgos e a comentários sem perspectiva histórica ou global. Esse partido pindérico, rural, obscurantista e ineficaz, é o PSD.
Parabéns, senhores do PC e do BE. Vão atingir os vossos intentos. Tanto tiro no PS, vai sair pela culatra. A História repete-se.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Os Pindéricos

Nomes e gente pindérica, propositadamente hipócritas no seu chico-espertismo umbiguista, sem nenhuma noção do mundo actual e das circunstâncias reais da existência, sem nenhuma reflexão sobre a condição humana global, vão desfilando no nosso país.
Podemos começar pelo nome de um tal grupelho que ganhou o festival das cantigas doméstico; Homens da Luta faz vagamente recuar aos tempos façanhudos e afonsinos: um horror de mau gosto, a cheirar a tempos medievais, ou quase cavernícolas. A desafinação, o solidó panfletário da peça, a letra indigente e anacrónica fazem dó e dão que pensar acerca da competência artístico-musical de quem efectuou a selecção. Sei de muitos estudantes de Música que expressaram no Facebook a sua consternação por tão miserando produto sonoro.
Continuemos pela anunciada manif dos jovens. Para já, a palavra "jovem" (que, aposto, grande parte do maralhal ignora que descende de Jove, isto é, Júpiter) começa a enjoar. Jovem é um daqueles vocábulos onde tudo cabe, tipo povo, democracia ou religião. Há, como se sabe, muitos católicos não-praticantes, judeus laicos e, certamente, milhentos seres humanos que nasceram em diversas confissões religiosas, mas que são ateus. Quanto ao povo, a ele também pertencem os assassinos, os proxenetas, os ladrões de diferentes tons de colarinho, as pegas de todos os sexos, etc., etc. E de democracias com o nome registado, como a antiga DDR (Alemanha Oriental), nem vale a pena falar.
Dos jovens dos anos sessenta, que emigraram a salto para França, porque efectivamente havia fominha verdadeira, ninguém fala. Mas esses não faziam estágios, mestrados, nem se podiam manifestar, nem recebiam subsídios e ainda tinham de mandar uns francos para os pais idosos que cá ficavam e não tinham qualquer protecção social.
É ridículo dizer-se que a juventude no desemprego é o maior problema social; nunca houve tanta ajuda, tanto programa, tanta oportunidade para os mais novos. Eles é que não aproveitam, excepto meia dúzia. O trabalho precário e os recibos verdes, que são para os de meia idade que já não têm acesso aos subsídios e às ajudas juvenis, são mesmo assim  preferíveis ao desemprego.
Em que país, incluindo os Estados Unidos, um jovem, recém-licenciado, tem logo todas as regalias e trabalho assegurado para a vida? E que é isso de ter casa própria, automóvel próprio e crédito bancário assegurado no início da vida profissional? Concordo que uma péssima lei do arrendamento (que mais uma vez podemos agradecer aos luminários esquerdismos), mais o aliciamento ao crédito, por parte dos bancos, têm empurrado os portugueses para a compra de habitação própria, mesmo com incertezas e parcos recursos financeiros.
Para finalizar a trilogia pindérica, temos novamente mais um discurso oracular do senhor Silva. Claro que houve as glosas costumeiras que, pelo que ouvi, já tiveram um desmentido sobre más interpretações, no site da Presidência. Mas, temos que gramar este senhor mais quatro anos?
Nenhum brilho, nenhuma identidade portuguesa que nos orgulhe e nos faça reflectir, saem das palavras desse político, que aprecia mascarar-se de não-político. É sempre um rol de lugares-comuns, a jogar à defesa e à ambiguidade, sem nenhuma consistência mental. Acresce ainda um certo ar de ressabiamento e azedume, tipo vigança pessoal, porque como ele diz, têm que nascer muitas vezes os mais honestos do que ele. Como se honestidade e verdade fossem qualidades muito praticáveis nas arenas políticas... Os que mais se reclamam honestos e verdadeiros são, frequentemente, os maiores aldrabões. Senão, para que existe a diplomacia internacional e toda a caterva aparelhística dos estados, dos serviços secretos, das forças armadas?
Vão contar esses maus contos da carochinha, literáriamente pindéricos, para outro lado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Para aqueles e aquelas que já acham coisa desactualizada assinalar esta data, que melhor exemplo do que o caso recente de Lara Logan? E sobretudo a vergonhosa falta de atenção dos média a esse triste acontecimento. Andam muitos "revolucionários" a falar de democracia (coisa que nos países islâmicos não significa o mesmo que no Ocidente), logo, que interessa a selvática agressão sexual de um monte de machos dementados, aos gritos de judia, judia, sobre uma excelente profissional de jornalismo de guerra? (Pois é. Quem mandou a gaja meter-se nisto? Tivesse ficado em casa a fazer panquecas.)