quinta-feira, 29 de março de 2012
Pintura e Poesia
Manuela Imar, «Da saia que te fica a matar-me»(pormenor), óleo s/tela.
Carcavelos,2009.
sei que já não podes chegar a esta hora
Sei que te espero porque te inventei
Mas tudo isto não é suficiente para que não espere para que não espreite de 14 em 14 minutos a chegada de quem vem de autocarro
Sei que não existes Ou se existes é apenas porque existo Ou talvez existas sem saber que existo Mas continuo a espreitar os autocarros de 14 em 14 minutos Trazem menos gente esta noite Alguns vêm até vazios Tantos que vêm vazios
E todos os carros têm barulho de autocarros esta noite Até os miúdos na rua imitam os autocarros E os homens despedem-se apressados gritando que vão apanhar o autocarro
E eu cá em cima à espera do que não tenho
Á espera do autocarro contigo lá dentro
Á espera do autocarro que te deixará na paragem ao cimo
da rua
À espera
Manuela Imar, AS COISAS (INTERVALO), 1961.
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1 comentário:
Não a sabia paleontóloga!
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