Portadores de Archotes
De olhos injectados, suando whiskey, eles eram os verdadeiros deuses da
noite, e eu gostava de vê-los transportando as preciosas insígnias do fogo,
Eu gostava de vê-los, cambaleantes e trôpegos, mambando, arrastando os
pés, fazendo zig-zags pela rua, exibindo o fogo,
como palavras luminosas ou feridas, chispas de diamante caindo no chão
como suor, archote e portador tão unidos que os próprios portadores
pareciam de fogo.
Penso que os amava porque mesmo quando criança eu sentia que os
poemas que tentava escrever na escuridão do meu quarto eram como isto,
ébrias epifanias de luz
momentos gaguejantes entre os andores do Sonho e do Pesadelo,
creio que os amava porque
eu queria que este fosse o ofício de poeta:
carregar a noite em chamas,
levantando alto os nossos próprios eus
tropeçantes,
espantados,
dançando na rua.
trad. de Maria Andresen e Alexis Levitin
( nº28 Abril de 2011 - Relâmpago, p. 199 )
Nota: Nascida, em New Orleans em 1954 tem diversos livros de poesia publicados, sendo os três últimos:
Let It Be a Dark Roux: New and Selected Poems, poetry
(Pittsburgh: Autumn House Press, 2007)
Swamp Songs: The Making of an Unruly Woman, essays
(Salt Lake City: University of Utah Press, 2003)
The Journals of Scheherazade, poetry (Denton: University
of North Texas Press, 1996)
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3 comentários:
cheira tanto a Ku Klux Klan que me aflige.
bjs,n
É um belo poema,que utiliza a metáfora do fogo,na sua vertente luminosa ou destruidora,para compará-la ao fazer poético.Um poema não tem de ser politicamente correcto ou sequer ético.Navega muito para além disso...se lhe apetecer.Além de que nada ecoa nesta transfiguração literária,desses sinistros intentos grupais.Bjs retribuídos.I
eh eh eh até parece a história da gata borralheira!
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