sexta-feira, 13 de abril de 2012

Antologias breves



Vem do grego antigo, como quase tudo, a palavra "antologia". Sendo que "anthos" significa "flor" e o resto da palavra: "conjunto", "reunião". Assim, as "reuniões" ou compilações de textos de um autor costumam ser suculentas brochuras, para que a amostragem seja o mais elucidativa possível, duma obra ou temática.

No caso da Poesia, que é um género literário que pende mais para avocação da intensidade e contenção, em oposição à quantidade do que qualquer outro género, as antologias bem fornidas de lombada e inclusas páginas, são frequentes. Só que nunca são lidas na íntegra, a não ser por eventuais ensaístas ou outros estudiosos do texto poético. Os parcos leitores folheiam escassas páginas e colocam na estante, se é que as estantes não-virtuais ainda se vão continuar a usar.

As convencionais antologias de poemas recorrem, muitas vezes, a certos estratagemas: têm, por exemplo, umas protecções, no início e no final, chamadas prefácios e posfácios, geralmente encomiásticos, que se destinam a recomendar e a explicar, ao presumível e desinformado incauto, as virtudes e potencialidades do livro e do autor. Depois há mais uns truques gráficos e de custos editoriais, tipo: papel com boa gramagem, um poema por página, mesmo que sejam dísticos, texto só impresso nas páginas pares ou ditas nobres, etc. Já vi obras mais que escassas em títulos e textos aparecerem antologiadas em grossos volumes, numa legitimação de papel de boa gramagem e pouco mais de substantivo. Está bem que o denominado aspecto gráfico é importante na edição do texto poético, mas deixem a poesia ter o seu corpo-a-corpo com o presumível leitor. Ela já tem suficientes imagens dentro das palavras para nos iluminar os sentidos. Autonomizem-se dos padrinhos prefaciadores e posfaciadores. Gozem as antologias breves, escolhendo as palavras e o gosto delas, a  vosso bel-prazer. Essa liberdade, que nem sempre existiu, ainda é nossa.

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