quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Câmara Escura



ALTERNADEIRAS

Contigo, leitor, celebro
esta união sem facto, abro
este habitáculo, algumas gavetas
secretas para demorar contigo emoções
e escárnios. És, talvez, como eu
uma alternadeira de palavras, destas
que vendem no papel, os objectos
trucidados pelo olhar em lençóis
de falsa transparência e ficção
furtiva. Outras, mais reais
e mais humanas, professam
uma devastada arte de amar
e nós um devastado amor
à arte dos versos que ninguém
lê. Só nos lemos
uns aos outros, tal como elas
se vigiam sobre o trottoir.

http://edlinguamorta.blogspot.com/

4 comentários:

samartaime disse...

Ora aqui está uma bela capa.

Quanto às alternadeiras, eu sou mais caixas de sapatos que gavetas.
(Aliás, já uma vez discutimos isso das caixas de sapatos e taças de papelão versus gavetas de mogno e diplomas florais municipalizados. rsrsrsrs)

Beijinhos, n

samartaime disse...

Chegou hoje: veio de burro mas são que nem um pêro.
Eu escolhi a canção para o Georges, que é mais para o meu feitio de gaivotas manetas.
Quanto ao formato, entre o breve e o bolso, é bom: gosto de livros mansos.

Ricardo Gil Soeiro disse...

Excelente poema!

Logros disse...

Obrigada pelos vossos comentários. Abraço. I.L.