Anda muita gente entusiasmada com esta canção que ainda nem sequer foi gravada, do grupo Deolinda: Que parva que eu sou. Embora o grupo tenha criado um estilo próprio, o que é sempre de louvar, a letra deste pseudo-hino da geração nem-nem (nem trabalham, nem estudam), incluindo os recém-licenciados, que tiraram carta de condução aos dezoito anos e têm dinheiro para ir aos espectáculos do grupo, é um pouco cretina. Então aquela passagem "até para ser escravo é preciso estudar", é bem exemplificativa da rasisse mental do dito pensamento geracional. Como se as gerações anteriores não tivessem de estudar para se "escravizarem" a trabalhos repetitivos, mal remunerados, sem regalias sociais, sem coffee-breaks, sem pontes coladas aos feriados e fins-de-semana, etc., etc.
Será que só se estuda para arranjar emprego? E então os enormes parvos que estudam por amor ao saber e para entenderem quem são e o que andam a fazer neste mundo? Será que um músico, um atleta, um trabalhador da construção civil, também não são, a seu modo, escravos de uma rotina e de um programa de vida?
Muitos pais e muitíssimos avós desta desgraçada "geração Deolinda", não puderam sequer estudar e, como não havia Estado Social, ainda tinham que sustentar os pais na velhice destes, e não viver à pala deles. Passa-lhes lá pela cabeça o que era um mundo sem torneiras de água quente em casa, proibições e anátemas de todo o género, sem McDonalds nem discotecas. Era frequente o jovem que arranjava o primeiro emprego, entregar aos pais o ordenado mensal, ficando só com um pequeno dinheiro de bolso.
Isto já para não falar no actual progresso do ambiente social, situação da mulher, etc., etc.
Logo, isto é mais uma cançãozinha de esquerda-caviar, a armar aos cucos. Perguntem aos avós e aos pais, e aprendam alguma coisa da história do País.
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4 comentários:
nem mais.
Da esquerda-caviar sou eu, não o BE nem a cançãozita por acaso açambarcada pelos nem-nem.
A esquerda-caviar sabe do que a Inês fala, viveu de perto tudo isso, lutou para ajudar a acabar com isso. Até berrou que não gosta de caviar - o que no meu caso nem sequer é metáfora. Mas não é por isso que deixo de ser esquerda- caviar.
Mas isso agora não interessa nada.
O que me rala é que as pessoas não entendem que no dia em que formos todos doutores, alguns de nós terão de ser doutores varredores de rua. E não percebem que o progresso humano não é ter mas ser.
Anda tudo a querer o que a TV mostra. Confundem vida com consumo.
Isso é que me preocupa. Claro que o futuro resolverá isso a seu tempo.
Será que a Natureza não se farta de nós?
Beijinhos que me vou a indróminar para outro lado,
n.
Pois, de caviar gosto bué; do preto e do vermelho. Como já lhe disse, comi bastante e baratinho quando estive em S. Petersburgo nos anos 90, já depois da Perestroika. Mas, minha amiga, "caviares" na política portuguesa, sempre foram relacionados com os BEzinhos. Ou seja, uns meninos cheios de mordomias e cursos superiores, que gostam de brincar à revolução. Que nunca souberam o que foram infâncias difíceis e ter de ganhá-lo desde muito novos. Exemplo: Francisco Louçã, Miguel Portas, Ana Drago, Joana Amaral Dias, etc., etc. Quanto aos Deolinda, estou à espera que façam uma "Parvos que fomos" acerca dos velhotes que ficam a apodrecer em casa depois de falecidos. Beijocas, I.
Apesar de tudo, e de ter que concordadr obrigatoriamente com o que foi referido. É claro que não é esta a geração a desgraçada e pobre de Deus, nem por sombras. Pois, porque nesta geração foi onde creceram muitos dos jovens com as manias e os pedidos imperativos aos papás, e por mais que tudo fosse oferecido seria sempre pouco.
No meu ponto de vista e é isso que na minha opinião deve ser referido acima de tudo nesta questão, é que a necessidade de pessoas qualificadas (com o papel na mão) para fazer face à competitividade e à procura é necessária então porquê que na altura dos jovens tentarem arranjar um rumo no mercado de trabalho lhes fecham as portas?
Se tempo antes lhes incutiram a ideia de ser necessário este investimento?
É isto que sinceramente não compreendo e acho que se deve acentuar.
Excluindo as politiquices, sendo de esquerda ou de direita, é verdade que existe falta de trabalho para jovens que se tentaram qualificar...
e também existe falta de trabalho para quem não tem o papel na mão...
Então onde é que há trabalho?
o nosso país simplesmente tem 11% de gente com formação superior, visto isto segundo a burocracia que é constituida a UE, não é suficiente para fazer frente à competitividade e levantar este país.
E claro o pessoal sem o papel na mão não é considerado instruido de mais para competir no mercado de trabalho.
Uma coisa é certa, como foi referido a escolarização vai generalizar-se no futuro, mas por a escolarização aumentar, não quer dizer que todos se tornaram doutores, pois também não é essa a função que o Estado planeia para os pequenos jovens do pequeno Portugal...
E de certa forma apoio sem dúvida alguma a escolarização, é maneira de combaterem as desigualdades sociais que tanto se faz sentir actualmente, implementadas pelas autoritárias instituições.
Cumprimentos. RR2
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