quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Secretas transparências?









O que será a evidência da verdade? Estaremos de volta aos "universais" do tempo grego ou renascimental? Às univocidades? Se "evidências" são muito difíceis de concatenar, a famigerada verdade, que já o tal governador da Judeia perguntava ao doce rabi o que era, é de uma infantilidade atroz e de um pensamento básico ter a pretensão de a atingir. Mesmo no plano jurídico se sabe que a "verdade processual" é algo diferente do tal absoluto verdadeiro...
Outra coisa que é irritante no planeta wikileakense e em certos discursos políticos demagógicos, é a noção de transparência. Essas "transparências" são frequentemente um logro. Por alguma razão o pensamento humano é inviolável e secreto; o que estamos a pensar no momento, ou em todos os momentos, é inacessível a toda a gente.
Há, portanto, uma séria ambiguidade entre o que deverá ser da ordem do confidencial ou do domínio público. Ainda não se sabe onde todos estes movimentos em rede vão aportar; porque, se por um lado é muito louvável contribuir para o conhecimento de genocídios e outras atrocidades, por outro, não é de todo equitativo demonizar o poder norte-americano sem possibilidades de entrar nos nefastos horrores de outras super-potências e multiculturalismos medievais que pululam no mundo. Para já não falar naqueles pormenores de imprensa cor-de-rosa sobre as festas selvagens de Berlusconis e enfermeiras loiraças de outros "imperadores" terceiro-mundistas.
Vamos esperar para ver, mas, entretanto, não nos imponham pseudo-moralismos e crenças "ingénuas".

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