quinta-feira, 20 de março de 2014

Dia Mundial da Poesia


Passageira

 

O poema que não
surpreende nem afirma
a inutilidade de si, nem ensina
a olhar a certa dissolução
das coisas, nem interroga
o desencanto

 

É uma espécie de prurido
nas nossas costas, coisa
irritante e passageira
que logo se esquece.


I.L.
in A Disfunção Lírica (2007)
 
 
 
REESCRITA
 
Fender os versos
com a lâmina implacável do
tempo. No umbigo do poema cravar
o sabre rente às vísceras dos verbos,
à linfa de adjectivos. Despedaçar
os músculos dos sentidos. Abrir
a rede viária do sangue. Romper
a velha epiderme.
 
 
 
I.L.
in Coisas que Nunca (2010)
 
 

 

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