sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
"Duma austera, apagada e vil tristeza"
RAMALHO, António, 1858-1916
Camões lendo os Lusíadas a D. Sebastião
Em recente releitura do Canto X dos Lusíadas, impressionaram-me certas similitudes do tempo de Luís Vaz com o que actualmente vivemos. Senão vejamos: à perda da independência em 1580, seguiu-se o reinado de três Filipes. Também são três os indivíduos estrangeiros que constituem a famigerada Troika e não sei se nos vão dar ordens a soldo da agiotagem mercantil durante 60 anos. Da mesma forma, é dolorosamente irónico o paralelismo das "austeridades". E, ultrapassados os tais penosos 60 anos, 1640, encontro outra similitude: também há para aí Miguéis que precisavam ser defenestrados.
Regressando às palavras do poeta:
"Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza".
(Lusíadas Canto X, Est. 145)
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2 comentários:
Já que estou com a mão no bolo, antes cariatide toda a vida que peripetomenar na vilania.
bjs
(entretanto, está tudo em dia)
bjs, n
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