segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tomas Tranströmer, poeta


Nascido em Estocolmo a 15 de abril de 1931


este é o Nobel da Literatura de 2011:
















A ÁRVORE E A NUVEM


Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,

com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.

Leva um recado. Da chuva arranca vida

como um melro ante um jardim de fruta.


Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.

Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,

à espera, como nós, do instante

em que flocos de neve floresçam no espaço.

(1962)


DESDE A MONTANHA


Estou na montanha e vejo a enseada.

Os barcos descansam sobre a superfície do verão.

«Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.»

Isso dizem as velas brancas.


«Deslizamos por uma casa adormecida.

Abrimos as portas lentamente.

Assomamo-nos à liberdade.»

Isso dizem as velas brancas.


Um dia vi navegar os desejos do mundo.

Todos, no mesmo rumo – uma só frota.

«Agora estamos dispersos. Séquito de ninguém.»

Isso dizem as velas brancas.

(1962)

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