Ilustração de João Fazenda para o New Yorker |
1.Portugal teve um forte desempenho económico nos anos 1990 e estava a gerir a sua recuperação da recessão global melhor que vários outros países na Europa, mas foi sujeito a uma pressão injusta e arbitrária dos negociadores de obrigações, especuladores e agencias de 'rating.
2.Estes agentes dos mercados financeiros conseguiram, por razões míopes ou ideológicas levar à demissão de um governo democraticamente eleito e potencialmente "atar as mãos do que se lhe segue.
3.Portugal não tinha subjacente uma crise genuína e foi sim sujeito a ondas sucessivas de ataques por negociadores de obrigações.
4.Distorcendo as percepções de mercado da estabilidade de Portugal, as agências de 'rating' - cujo papel de favorecimento da crise do 'subprime' nos Estados Unidos foi amplamente documentado - minaram quer a sua recuperação económica, quer a liberdade política.
5.Se forem deixadas desreguladas, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos para fazer as suas próprias escolhas sobre impostos e gastos.
6.A revolução portuguesa de 1974 inaugurou uma onda de democratização que varreu o globo. É bem possível que 2011 marque o início duma onda de usurpação da democracia por mercados desregulados, com a Itália, Espanha e Bélgica como próximas vítimas potenciais.
Por cá, o presidente da República, «enxovalhado» na campanha eleitoral pelas suas ligações ao BPN e Pedro Passos Coelho a «precisar» de ser primeiro-ministro, no momento mais delicado, ajudaram a este gigantesco festim dos mercados internacionais.
(Por Tomás Vasques - in Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos)
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