Nomes e gente pindérica, propositadamente hipócritas no seu chico-espertismo umbiguista, sem nenhuma noção do mundo actual e das circunstâncias reais da existência, sem nenhuma reflexão sobre a condição humana global, vão desfilando no nosso país.
Podemos começar pelo nome de um tal grupelho que ganhou o festival das cantigas doméstico; Homens da Luta faz vagamente recuar aos tempos façanhudos e afonsinos: um horror de mau gosto, a cheirar a tempos medievais, ou quase cavernícolas. A desafinação, o solidó panfletário da peça, a letra indigente e anacrónica fazem dó e dão que pensar acerca da competência artístico-musical de quem efectuou a selecção. Sei de muitos estudantes de Música que expressaram no Facebook a sua consternação por tão miserando produto sonoro.
Continuemos pela anunciada manif dos jovens. Para já, a palavra "jovem" (que, aposto, grande parte do maralhal ignora que descende de Jove, isto é, Júpiter) começa a enjoar. Jovem é um daqueles vocábulos onde tudo cabe, tipo povo, democracia ou religião. Há, como se sabe, muitos católicos não-praticantes, judeus laicos e, certamente, milhentos seres humanos que nasceram em diversas confissões religiosas, mas que são ateus. Quanto ao povo, a ele também pertencem os assassinos, os proxenetas, os ladrões de diferentes tons de colarinho, as pegas de todos os sexos, etc., etc. E de democracias com o nome registado, como a antiga DDR (Alemanha Oriental), nem vale a pena falar.
Dos jovens dos anos sessenta, que emigraram a salto para França, porque efectivamente havia fominha verdadeira, ninguém fala. Mas esses não faziam estágios, mestrados, nem se podiam manifestar, nem recebiam subsídios e ainda tinham de mandar uns francos para os pais idosos que cá ficavam e não tinham qualquer protecção social.
É ridículo dizer-se que a juventude no desemprego é o maior problema social; nunca houve tanta ajuda, tanto programa, tanta oportunidade para os mais novos. Eles é que não aproveitam, excepto meia dúzia. O trabalho precário e os recibos verdes, que são para os de meia idade que já não têm acesso aos subsídios e às ajudas juvenis, são mesmo assim preferíveis ao desemprego.
Em que país, incluindo os Estados Unidos, um jovem, recém-licenciado, tem logo todas as regalias e trabalho assegurado para a vida? E que é isso de ter casa própria, automóvel próprio e crédito bancário assegurado no início da vida profissional? Concordo que uma péssima lei do arrendamento (que mais uma vez podemos agradecer aos luminários esquerdismos), mais o aliciamento ao crédito, por parte dos bancos, têm empurrado os portugueses para a compra de habitação própria, mesmo com incertezas e parcos recursos financeiros.
Para finalizar a trilogia pindérica, temos novamente mais um discurso oracular do senhor Silva. Claro que houve as glosas costumeiras que, pelo que ouvi, já tiveram um desmentido sobre más interpretações, no site da Presidência. Mas, temos que gramar este senhor mais quatro anos?
Nenhum brilho, nenhuma identidade portuguesa que nos orgulhe e nos faça reflectir, saem das palavras desse político, que aprecia mascarar-se de não-político. É sempre um rol de lugares-comuns, a jogar à defesa e à ambiguidade, sem nenhuma consistência mental. Acresce ainda um certo ar de ressabiamento e azedume, tipo vigança pessoal, porque como ele diz, têm que nascer muitas vezes os mais honestos do que ele. Como se honestidade e verdade fossem qualidades muito praticáveis nas arenas políticas... Os que mais se reclamam honestos e verdadeiros são, frequentemente, os maiores aldrabões. Senão, para que existe a diplomacia internacional e toda a caterva aparelhística dos estados, dos serviços secretos, das forças armadas?
Vão contar esses maus contos da carochinha, literáriamente pindéricos, para outro lado.
sexta-feira, 11 de março de 2011
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2 comentários:
Valha-me o infável santo ambrósio mais a imarcescível corte celestial!
Estou vendo que a serôdia e oportunista incitação cavacal à agitação juvenil lhe estragou as carnavalescas cinzas.
CALMA, AMIGA - já temos que chegue, não precisa tresler.
Beijinhos, n
sim, sim...
Omes da luta, como diz o "bom povo", são coisas demasiado primárias para o meu gosto e o meu raciocínio.
Beijão, I.
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