segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

31 de Janeiro de 1891, no Porto

No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de Janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima. Estes homens apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de Novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
(Fonte: Wikipédia)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Concerto em Serralves

QUARTA-FEIRA, 26 DE JANEIRO DE 2010, 21.30 H.
FUNDAÇÃO DE SERRALVES
BREVE CONCERTO PELA OFICINA MUSICAL
Evocação de Fernando Pernes 

programa
Álvaro SALAZAR [n. 1938]
Intermezzo IV/A (1993) [11’]
para piano
 
Johann Sebastian BACH [1685-1750]
Chaconne, da Partita n.º 2 em Ré menor (1720) [11’]
para violino solo
 
João Pedro OLIVEIRA [n. 1959]
Entre o Ar e a Perfeição (2009) [9’]
para flauta, piano e electrónica
 
Monika Streitová [flauta]
Radu Ungureanu [violino]
Sofia Lourenço [piano] 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cavaco nunca!

Consta que jamais se viu o Cavaco de cravo ao peito, coisa que lhe ficaria muito bem, dada a sua idade e origem social. Contudo, o bom povo português, tudo indica, vai re-elegê-lo. Este bom povo elege sempre os sonsos videirinhos e é subserviente aos entronizados no palanque, há largos anos (cavacos, jardins, salazares).
É suposto que o Presidente da República represente um país e a sua identidade cultural. Eu nunca me sentirei representada por Cavaco Silva. Impossível imaginar que ele possa representar D. Diniz, Damião de Góis, Pedro Nunes, Camões, Eça de Queirós, Egas Moniz, Fernando Pessoa, Vieira da Silva, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner ou Herberto Hélder.
É inclassificável a desculpa "familiar" do agora candidato Cavaco Silva para não comparecer ao funeral do nosso único Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, que honra a Língua Portuguesa, idioma de que supostamente o mesmo Cavaco é representante enquanto PR.
É pena não haver por aí uma Dilma que, se calhar, dada a bronquice nacional, cá não ganhava.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O romance é o cancro da literatura

(...) A hegemonia do romance no nosso tempo, melhor dizendo, a pandemia romanesca que levou, há alguns anos, o francês Henri Meschonnic - autor de uma vasta obra de teoria literária, tradutor da Bíblia e poeta - a dizer, num livro de 2001, que "o romance é o cancro da literatura" (o título deste artigo é, pois, uma citação) não pode ser compreendida se não a ligarmos ao triunfo do jornalismo e das técnicas de storytelling. A "reportagem universal" de que falava Mallarmé no final do século passado encontrou agora a sua mais plena realização.
O que se tornou hegemónico e pandémico (as livrarias aí estão para o confirmar) não é o romance como forma aberta a todos os discursos e de certo modo indefinível como género, mas as variações infinitas e a mediocridade mimética a que Paul Valéry, no princípio do século XX, passou uma certidão de óbito ao dizer que já não era possível seguir o modelo narrativo do tipo daquele que está implícito numa frase como "La marquise sortît à cinq heures".
O tema da morte e da crise do romance, esse género tão recente na história da literatura (em rigor, surge nos alvores da época moderna, com Cervantes), atravessou grande parte do século XX e chegou até perto de nós como hipótese plausível no plano teórico e empiricamente verificável no próprio cânone do romance do século XX. Em 1957, a propósito de "Ulisses", de Joyce, Borges declarou que a história do romance tinha chegado ao fim.
Quando, num célebre texto de 1966, Roland Barthes dizia que "são inumeráveis as narrativas do mundo", a noção de récit, de narrativa, tinha uma preponderância absoluta sobre a categoria pouco auspiciosa do romance. Nada fazia então prever que este viesse a ganhar uma segunda vida, tão poderosa que o seu regime de proliferação pôde ser considerado canceroso. 
O que significa que a sua multiplicação causa a morte de tudo o que não se conforma ao seu modelo.
Em França, pela rentrée (setembro/outubro), publicam-se sete a oito centenas de novos romances. A maior parte deles, poucos meses depois, tem um destino muito francês: a guilhotina. Mas os editores apostam na lei da estatística: entre tantos, o ínfimo número que triunfa conquista um mercado de milhões. 
- António Guerreiro, in Actual, Expresso, 10 Janeiro 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Qual compaixão?

A propósito do poema de José Miguel Silva, do livro Erros individuais, aqui reproduzido abaixo, noutro post, em que se alude ao compadecimento cristão, veio-me à memória um trecho do romance de Milan Kundera,  A Insustentável Leveza do Ser, em que este autor faz uma análise do conceito de compaixão segundo as culturas latinas e germânicas, servindo-se de uma perspectiva filológica.
Passo a reproduzir um texto da Wikipédia em português, sobre o tema:
"Um capítulo inteiro é dedicado à questão da atitude humana de compaixão. Sob uma perspectiva filológica, Kundera compara o sentido da expressão nas línguas latinas e nas línguas germânicas, e as implicações dessa nuance de sentido na vida psicológica e sentimental dos indivíduos.

"Kundera afirma que as derivações latinas da palavra compaixão significam simplesmente piedade, um sentimento que se impõe quando um indivíduo está em posição de superioridade frente a um outro que sofre. Assim, a compaixão torna-se uma relação de poder dominadora, na qual um indivíduo se sobrepõe sobre outro, podendo oferecer-lhe sua compaixão como um presente, sem porém compartilhar do sentimento que leva o próximo a sofrer.
"Nas línguas germânicas, porém, compaixão assume um sentido de "co-sentimento": o indivíduo que sente compaixão sofre junto com o seu próximo, o mesmo sentimento. Para Kundera, a compaixão é muito mais terrível do que a piedade porque a incapacidade humana de transpor os limites da subjetividade faz com que o sentimento careça de um certo esforço imaginativo que quase sempre multiplica a dor do próximo, fazendo-a mesmo maior ..."

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Licenciaturas em Economia


Prostitutas tiram licenciatura em Economia para melhor compreender os clientes quando estes desabafam

As faculdades portuguesas de Economia estão a ser invadidas por profissionais do sexo que procuram adquirir recursos fundamentais para desempenhar a sua profissão. "A Economia é o novo Kamasutra! Antigamente era preciso ser sensual, seduzir, saber dançar, fazer strip e estar disponível para todas as maluquices sexuais. Agora é preciso é saber falar sobre a Angela Merkel, o FMI, Irlanda, Grécia, Espanha, o juro da dívida portuguesa, a crise do euro, o sub-prime, os países PIIGS e saber o que é um "bailout". Antigamente acordava e ia ao ginásio para manter a forma. Agora acordo e vou logo ler o Jornal de Negócios, o Diário Económico, o Financial Times e o Paul Krugman. Antigamente eu perguntava ao cliente como é que ele queria que eu me vestisse. Agora pergunto se ele é Keynesiano ou Monetarista. Daqui a pouco vou atender um empresário americano e tenho de saber falar sobre o facto da Reserva Federal dos Estados Unidos estar preocupada com as eventuais consequências da crise da dívida europeia sobre a economia norte-americana. Já sei que ele vai querer desabafar sobre isso", afirmou uma acompanhante economista.

- JH (in O Inimigo Público, 7 de Janeiro 2011)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Erros individuais




PERGUNTA OCIOSA

Os gregos ensinaram "paciência"
e "modera o apetite", os cristãos
acrescentaram "compadece-te e perdoa".
Sugestões orientadas para os dias
rigorosos da pobreza ou da velhice,
quando resta carrilar no conformismo
a empenada carruagem do possível.

Numa época, porém, em que velhos
nada contam e ninguém se penaliza
por viver a curto prazo, na corrida
milionária ao armamento do desejo
(pois o pleito do consolo não se trava
já na alma mas na quina dos sentidos),
a que podemos nós chamar "sabedoria"?

José Miguel SILVA, Erros Individuais, Relógio D'Água, Lisboa, 2010

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011