quinta-feira, 14 de abril de 2011

Três poemas de um leitor de logros

Ah! o equilíbrio correcto
das rectas o redondo
repouso das elipses
e das hipérboles e
em geral das formas puras
que realizam a matéria
no olhar mas não resolvem
o real, querias! Pródigos
que as simetrias mais
amais que a vida, esta
que contém o que há
para amar: Deus
vos seja avaro em júbilo
e perdulário em penas.

* * *

Um mendigo

A tristeza e a dor
que vivo e não dizem
estas palavras-letras
S O L I D Ã O
não são para vender
são para mostrar
como quem abre
cuidadosamente
a camisa e aponta
a chaga no peito
não cicatrizada
e espera que lhe digam
está quase curada
não te preocupes.

* * *

Como um cão me esgueiro
para comer; escondoa comida dos outros
e também das gaivotas;
olho de esguelha, furtivo
e como com as mãos;
não tenho ilusões nem
alegria tão pouco
tristeza. Dividido
em várias partes sentado
de costas para o mar
sacio o corpo o que posso.
Pesados são os dias
escavadores de rugas.


Paulo Almeida
(do blogue Limiar limite: http://limiardolimite.blogspot.com/)

1 comentário:

paulo disse...

Obrigado. Felicidades.