segunda-feira, 23 de março de 2009

F. Nietzsche (poeta)

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O PINHEIRO E O RAIO

Cresci muito por sobre homens e bichos:
e quando falo - ninguém fala comigo.

Cresci sózinho e alto por demais -
Espero: mas por que é que espero?

As nuvens estão muito perto de mim, -
estou à espera do primeiro raio.

(tradução de Paulo Quintela)

5 comentários:

Victor Oliveira Mateus disse...

Nietzsche, o meu ídolo dos vinte anos! Ainda hoje há teses dele que
têm mto a ver comigo. Outras deixaram de ter, como por exº:
"(...) e quanto aos débeis e aos
incapazes, esses que pereçam,e que o primeiro princípio da nossa caridade seja o de os fazer perecer." (Cito de cor, mas penso
que é de "O Anti-Cristo") No entanto consigo entender o seu sufoco e bato palmas à sua crítica
à razão. Depois houve aquela irmã
horrorosa e o nazismo... Henri Lefebre foi um dos primeiros a fazer uma grande reabilitação de Nietzsche (já não me recordo do
título!). Muito mais tarde, Heidegger, num monumental estudo,
puxaria Nietzsche para a área da
Ontologia, numa visão, quanto a mim, forçada. Mas uma coisa parece-me verdadeira ( e tb perversa): os
que esperam "super-homens", e se julgam seus arautos, acabam "infra-homens"! Aguardemos a excepção da regra!!!
Um abraço.

P.S. Inês,seguiu hoje uma "coisa" pª si e para a "Pilantra"...

Logros disse...

Viva Victor,

Esse folclore do "super-homem" é a única coisa a que se agarram os detractores da genialidade do autor de " A Origem da Tragédia", lá porque uns psicopatas nazis o interpretaram e leram como lhes convinha.
Também a inovadora e genial música wagneriana, teve esses aproveitamentos vesgos, só porque se dedica às velhas sagas germânicas, que põem em cena míticos heróis.

Mas, voltarei ao tema.Até porque F. N. tem poemas notáveis, que pouca gente conhece.
Obrigada pelo envio, de que darei notícia e seguimento.

Abraço
I.

Victor Oliveira Mateus disse...

olá Inês,

parece q essa questão do "super-homem" não é mto clara... pelo menos é o q dizem os entendidos.
Heidegger diz que isso n é mais do que um aspecto do "Dasein" na estabilidade (Eterno Retorno) do Ser. Francamente, não sei o q dizer! Mas uma coisa é certa, e a Inês tem razão, o nazismo fez uma interpretação antropológico-politica do "Super-homem". Claro, convinha-lhes!!! Mas, como ambos sabemos, parece haver provas de que a irmã de Nietzsche, depois de 1900, deu uns retoques nos textos.
Parece que a dita cuja era casada com um crápula... Eu não concordo
com a posição de Heideg. e tb acho
que aquele "super-homem" se refere
ao humano, mas n no sentido em q o nazismo pegou no assunto. E é verdade... os tipitos fizeram o mesmo com Wagner, ao mesmo tempo
que perseguiam grandes compositores
como Korngold, Victor Ulman, etc.
Enfim!... Agora, e era esse o sentido do post, não há dúvida q
Nietzsche era um grande escritor e
... ... poeta! Não sei se aInda se ensina isso lá "nas filosofias", mas Nietzsche e Platão eram tidos
como filósofos que escreviam muito
bem, em oposição a Aristóteles e Kant, cuja escrita "era quadrada".
Eu não conheço os poemas de F.N.!
Estou cada vez mais tosco!!! Mas tenho um CD com música dele... Aquele homem até compunha!!! Quando
começo a olhar para certas "figu-
ras" até me sinto anão!!!
Abraço

Logros disse...

Victor,

Só você para fazer estas boas sínteses. O "Logros" sente-se orgulhoso deste cavaqueio ou bate-papo(?)filosofante.

Tenho um edição bilingue (alemão-português) da Centelha, Coimbra, 1981, intitulada "Poemas" de F. Nietzsche, -antologia, versão portuguesa, pre´fácio e notas de Paulo Quintela; este último considerado uma sumidade na tradução/versão da Literatura Alemã.
Ajnda recentemente reli um poema em que F.N. alude à "verdade" e ao fingimento poético. Ou me engano muito ou o nosso Pessoa, tb.andou a lê-lo. A "Autopsicografia", embora mais lírica, muito mais breve e menos densa, anda por ali.
Hei-de postar excertos desse poema.

Obrigada.
Abraço
I.

douro disse...

Também tive os meus entusiasmos por Nietzsche mas admito que conheço muito parcelarmente os seus escritos. E da sua poesia não conhecia nada. Fico a saber desta e obrigado por me ter aguçado a curiosidade.